Quem foi Antônio Paraupaba

Pouco se sabe sobre a vida pessoal de Antônio Paraupaba, muitos dos documentos que o cita são folhetos oficiais enviados ao Alto Conselho Holandês. Acredita-se que depois do Tratado de Taborda, Antônio Paraupaba tenha embarcado na esquadra de Hendrikson juntamente com outros indígenas, incluindo Gaspar Paraupaba, seu pai, e Pedro Poty, em 1625, retornando ao Brasil em 1631 para atuar ao lado de seu aliado Pedro Poty como intérprete a fim de recrutar mais indígenas para o exército holandês.

Ainda em 1645, Paraupaba tornou-se capitão e regedor dos indígenas do Rio Grande, onde exigiu a libertação de escravizados através de ofício e atuou, ainda, em missões que impediam o avanço do poder português. Antônio Paraupaba lutou ao lado de Pedro Poty e foi citado em algumas cartas escritas por Antônio Felipe Camarão na tentativa de convencê-los a abandonar os aliados holandeses.

Em um dos mais conhecidos combates, a segunda batalha de Guararapes, Poty foi capturado pelos portugueses sendo nomeado um novo sucessor para atuar como regedor da Paraíba. Esse sucessor foi condenado à morte, deixando a linha de remanescência para Paraupaba, que mais tarde se tornou uma liderança importante entre os indígenas aliados aos holandeses. Com a derrota para os portugueses, sobrou para esses indígenas o exílio na Serra de Ibiapaba, onde permaneceram sob a liderança de Antônio Paraupaba até o fim do período chamado “Brasil Holandês” marcado pelas batalhas luso-holandesas.

No diário de um funcionário da Companhia das Índias Ocidentais foi registrada a partida de Antônio Paraupaba aos Países Baixos com três crianças e a esposa Paulina a bordo de um navio em 1654. O pai Paraupaba, Gaspar, decidiu permanecer no Brasil em seus últimos dias, o que também foi registrado no relato do funcionário que justificou a permanência com “ele quis terminar a vida dele na selva entre a nação dele, em lugar de velejar para a Holanda” (HULSMAN, 2006, p. ). Contudo, existem poucas informações que retratem Antônio Paraupaba em imagem ou detalham seus feitos durante o período do “Brasil-Holândes”, diferente das informações precisas sobre Antônio Felipe Camarão que atuava do lado lusitano e tinha uma imagem de prestígio como vencedor das batalhas luso-holandesas.

Texto: Érica Damasceno

Referência: 

HULSMAN, Lodewijk. Índios do Brasil na República dos Países Baixos: As Representações de Antônio Paraupaba para os Estados Gerais em 1654 e 1656. Em: Revista de História 154 (1º – 2006), 37-69.