Quem é Pretinha Truká

Edilene Bezerra Pajeú, conhecida como Pretinha Truká, nasceu em 1975 e é uma representante que dá orgulho ao seu povo. Tendo sido eleita como vereadora em Cabrobó, no sertão de Pernambuco, o início de sua trajetória de luta coletiva se deu em processo de retomada de terras na Ilha Nossa Senhora de Assunção, em 1995. Desde a infância Pretinha acompanhava o enfrentamento do seu pai pela defesa das terras, como por exemplo a luta contra o projeto de Transposição das águas do São Francisco. O legado dele e de seus parentes se refletiria nela mais tarde ao participar de processos de retomada, lutar por seus direitos e tentar garantir que os povos indígenas e o povo Truká estivessem representados na política. 

Em 1995, a ativista começou a lecionar uma turma de Educação de Jovens e Adultos pelo SENAR, e mais tarde criou o projeto “Escola de Índio” junto a outras lideranças como Ysso Truká, Neguinho Truká, Adailson e Dena. Desde muito cedo, Pretinha Truká luta por uma educação escolar indígena que englobe aspectos culturais dos povos que seja específica e intercultural. Ela concluiu sua Licenciatura Intercultural, curso conquistado pelo movimento indígena, e sempre esteve ativa nos espaços que tratam de educação indígena, tendo sido parte da Comissão de Professores Indígenas de Pernambuco (COPIPE). 

Pretinha Truká movimenta o âmbito político no tema dos direitos indígenas com suas contribuições aos debates e comunicações nacionais e internacionais. Como representante da COPIPE alcançou um cargo na Comissão Nacional de Educação, e mais tarde apresentou comunicações internacionais na Itália, Bélgica, Espanha, França e Alemanha para debater sobre o Rio São Francisco, e em Genebra, Sri Lanka e Bolívia juntamente com a ONU para tratar sobre Direitos Humanos.

Nos anos de 2013 e 2016 Pretinha escreveu cartas endereçadas aos parceiros de luta e também ao público geral fazendo pedidos de união e reivindicação. Sua correspondência de 2013 comunicava para seus companheiros e companheiras indígenas a necessidade de articular e mobilizar outros indígenas a participarem de conferências Municipais e Estaduais. Ela afirma que a união e presença de seus parentes é importante para formar uma frente unificada: “ainda que as Etapas Municipais já foram executadas e os índios que não conseguiram se fazer presente nessa etapa, briguem, lutem para garantir a presença de vocês nas etapas estaduais”.

Para mais, em 2016 Pretinha Truká enfrentou uma difícil situação de repúdio por parte da imprensa e da cena política. Foi bombardeada com assédio moral e teve matérias tendenciosas publicadas em grandes revistas onde a imagem dos professores indígenas de Pernambuco e de Pretinha eram prejudicadas. Sua atuação como ativista e educadora foi minimizada em um movimento muito conhecido e frequente de deslegitimação da identidade indígena de figuras públicas e populações indígenas no geral. Na carta, ela deixa clara sua posição política, o que defende e sua importância na luta dos povos originários, defendendo, como sempre, a educação e agradecendo aos seus parentes e apoiadores que estiveram ao seu lado fornecendo auxílio. Pretinha escreve a carta com a mais transparente descrição de seus interesses, dos valores que defende e quem é como pessoa: “Sou educadora por natureza e militante da causa indígena, uma mulher simples e de origem humilde, por isso mesmo, profundamente comprometida com minhas raízes indígenas e consciente de meu papel e do meu lugar no mundo […] Sigamos juntos e em lutas. Nossa resistência é a nossa esperança. Não recuaremos nunca”.

Para saber mais sobre Pretinha Truká, consulte:

https://m.facebook.com/PovoIndigenaTruka/photos/edilene-bezerra-paje

https://terrasindigenas.org.br/pt-br/noticia/173018