Andila Inácio Kaingáng

Nascida na Reserva Indígena Carreteiro, atual município de Água Santa, no Rio Grande do Sul, em 1954, Andila Kaingáng faz parte de uma família numerosa e é filha do Cacique Manoel Inácio, uma figura importante e respeitada na comunidade. 

Também conhecida como Andila Nĩvygsãnh e Juraci, é importante destacar seu papel como líder indígena, educadora, contadora de histórias, escritora e artesã. Através da habilidade com a tecelagem, onde reproduz os grafismos e marcas tradicionais do povo Kaingáng em suas criações, Andila Kaingáng utiliza a técnica da tecelagem em tear de pregos com uso de barbantes coloridos, trazendo à vida os trançados que representam a identidade do povo e seu pertencimento ao grupo kamẽ.

Andila atribui seus conhecimentos adquiridos a partir do seu pai, que foi  o primeiro indígena a se tornar Encarregado Oficial pela Reserva Indígena Carreteiro e também cacique Kaingáng por aproximadamente 30 anos, sendo fonte de sabedoria e inspiração, transmitindo a importância de ouvir, cultivar humildade, persistência e coragem. Ele valorizava a educação, incentivando o estudo dos filhos indígenas e buscando a autonomia e independência das comunidades em relação ao governo, por meio da produção de alimentos e do desenvolvimento de técnicas de plantio e criação de animais. 

Além de seu envolvimento na educação escolar indígena, Andila também participou de frentes de retomada de terras, atuou na Organização Indígena Instituto Kaingáng (INKA) e no Ponto de Cultura KanhgágJãre, estabelecendo conexões entre educação, cultura, tradição kaingáng e interculturalidade.

 

Fonte: 

BELFORT, Susana Andréa Inácio. A HISTÓRIA DE UMA LIDERANÇA NAS MEMÓRIAS DE ANDILA KAINGÁNG. Em: Revista Latino-Americana de História. V. 10, n. 26 Ago./Dez. De 2021 p. 212 a 218.