Paulo Mendes Tikuna é uma liderança da aldeia Umariaçu, em Tabatinga – Amazonas, que atua na luta a favor dos direitos do seu povo desde os anos 80. Completou seus estudos no Instituto Federal do Amazonas e há décadas é um líder de forte atuação para seu povo. Suas contribuições ao povo Tikuna são muitas; Paulo Mendes criou, juntamente com Pedro Inácio Pinheiro, o Conselho Geral da Tribo Ticuna-CGTT. O Conselho tinha como um de seus objetivos demandar e organizar politicamente os pedidos de demarcação do povo Tikuna, que na época em que o Conselho foi criado, sofria com invasões, insegurança habitacional e todas as consequências que frequentemente são vistas e podem ser ilustradas até mesmo pela situação de diversos outros povos indígenas.
Uma das atuações de Paulo, realizada em parceria com Pedro Inácio Pinheiro, a partir da criação do Conselho Geral da Tribo Ticuna-CGTT, foi uma viagem que fizeram para a Áustria para conseguir apoio internacional em 1988. Sobre isso, Paulo Mendes afirmou: “O cacique deixou de lembrança para nós a demarcação das terras que estão aí, a educação e a saúde. (…) Eu e Pedro viajamos para fora do país e buscamos apoio. Nós conquistamos. Nós conseguimos aquele apoio”. O apoio que buscavam foi devido ao chamado “Massacre do Capacete”, um ataque realizado contra o povo Tikuna por 14 homens armados. O ataque resultou em 4 indígenas mortos, 23 feridos e 10 “desaparecidos”. O ataque citado, assim como outros diversos ataques contra povos indígenas no território nacional, é prova da necessidade da demarcação dos territórios e da atuação de lideranças como Paulo Mendes Tikuna que, além de seu trabalho no Conselho, atuou como presidente da FOCCITT (Federação das Organizações dos Caciques das Comunidades Indígenas da Tribo Tikuna).
Uma outra maneira de atuação na luta realizada por Paulo Tikuna é a escrita de cartas. Em uma carta escrita ao CIMI (Conselho Indigenista Missionário) em 1983 ele relata que até mesmo os órgão e instituições indigenistas que supostamente procuram ser aliados na luta, não se mostram presentes quando é realmente necessário para os povos indígenas. A partir de sua escrita é possível entender que um sentimento compartilhado por diversas lideranças é de que os únicos realmente dispostos de entrar efetivamente na luta são os próprios indígenas, e que instituições que se dizem aliadas realizam um trabalho muitas vezes performativo. Sobre isso, ele questiona: “Quando o Índio procura seus direitos ninguém dá apoio. Onde está o Cimi? Onde estão os antropólogos? Onde está o Estatuto do Índio? Onde está o tutor do Índio? Onde está o Governo?”
Para saber mais sobre Paulo Mendes Tikuna, acesse:
https://cartasindigenasaobrasil.com.br/cartas/de-paulo-mendes-tikuna-para-o-cimi/
https://amazonasatual.com.br/indigenas-definem-nome-para-substituir-bonifacio-na-seind/
https://kamuri.org.br/kamuri/28-de-marco-33-anos-do-massacre-do-capacete-contra-o-povo-tikuna/