Quem foi Manoel Floriano Macial

Panapen

Manuel Floriano Macial (Panapen) desempenhou um papel de extrema importância durante o século XX como líder para o povo Galibi-Marworno do Oiapoque, no estado do Amapá, especialmente na Aldeia Kumarumã, situada no atual Território Indígena Uaçá.

Sua trajetória é marcada por liderança, dedicação à comunidade e árdua defesa aos direitos indígenas. O tuxaua foi fundamental para a preservação da cultura e tradições do povo Galibi, este que encontrou em seu líder tradicional um guia espiritual, administrativo e social. Suas cartas à FUNAI revelam um comprometimento notável na luta pela demarcação das terras, protegendo o território ancestral de invasões e garantindo a preservação dos modos de vida de seu povo, ao mesmo tempo em que se empenhou em promover melhorias para a comunidade, como a construção de escolas e a valorização dos artesanatos indígenas. Manoel enfatiza sua profunda relação com a terra em uma carta de 22 de novembro de 1977 para o presidente da FUNAI na época, o general Ismarth de Araújo Oliveira: “Nada para fazer Índio triste do que saber que parte de sua terra vai ser tirada. Terra é alimento para nós, alimento dá fôrça para nosso corpo. Terra é origem da vida de Índio. Não, coisa alguma vale mais que esta terra onde repousa, nossos antepassados ou do que êste rio que estronda de vida. Meu povo chorou a perda da terra.”

O tuxaua Panapen, com sua sabedoria, visão de futuro e persistente dedicação aos Galibi-Marworno, registrou, em outra correspondência, que estava estudando “educação integrada” para ter mais conhecimento e defender a sua comunidade, além de poder escrever as histórias do seu povo, “para que não se perca”. Sua memória permanece viva, seu legado de respeito, união e busca incessante por justiça ecoa na história do Brasil e das comunidades indígenas como símbolo de resistência e esperança para as atuais e futuras gerações.