Dário Vitório Kopenawa Yanomami nasceu em 1982 e é indígena da etnia Yanomami, nascido na comunidade do Watoriki, no Amazonas. Desde a infância recebeu os ensinamentos de seu pai, Davi Kopenawa Yanomami, e aprendeu sobre a luta indígena, a união entre si mesmo e seus parentes, e a conexão com as tradições e princípios do povo Yanomami. Os ramos de sua luta se solidificaram na educação, quando em 1997, Dário se tornou professor de sua comunidade, onde desenvolveu um projeto bilíngue para seus alunos e prezou pelo ensino da escrita na língua de seu povo.
Sua trajetória no ramo da educação se desenvolveu durantes os anos, e em 2004 Dário Kopenawa assumiu a regência da escola de sua comunidade e alcançou o posto de conselheiro de administração da Hutukara Associação Yanomami (HAY), atuando como primeiro membro do setor de saúde da associação fundada por Davi Kopenawa, seu pai, e espaço por onde Dário pôde escrever cartas e ter maiores comunicações com autoridades sobre as necessidades de seu povo. Atuando como ativista e figura presente na luta indígena, ele participou das assembléias da Comissão dos Povos Indígenas do Amazonas, Acre e Roraima (COPIAM) em 2000, e da Organização dos Professores Indígenas de Roraima (OPIR) em 1999 e 2007.
Ainda em seu posto como educador, participou do curso de formação de professores Yanomami desenvolvido pela Comissão Pró-Yanomami (CCPY) e solidificou seu trabalho de base em visitas a outros povos indígenas ao redor do Brasil, como sua visita ao Amapá em 2000, o Parque do Xingu em 2002, os Makuxi e Wapixana, em Roraima nos anos de 2002 e 2004, e os povos indígenas no Acre em 2006. Dário dedicou e dedica parte de sua vida à comunicação com outros povos e disseminação da causa indígena, tendo tido participação em comunicações internacionais como séries de palestras em universidades em Boston, nos Estados Unidos (2002), e participação na Exposição dos Yanomami na Fondation Cartier, em Paris (2003), onde informou mais sobre as situações enfrentadas por seu povo.
O povo Yanomami enfrenta, desde muito cedo, ameaças à cultura e vida em comunidade. No ano de 2022 foi levantada na mídia e nas redes sociais a pergunta “Cadê os Yanomami?”. A pergunta foi levantada visto o desaparecimento da comunidade de Aracaçá, e o acontecimento marca apenas um dos incontáveis transtornos que o povo Yanomami enfrentou nos últimos anos devido a invasões em terras, ameaças de morte e questões ligadas à saúde, contaminação por doenças e descaso do governo. O povo manifesta suas preocupações e receios sobre o perigo de viver sendo Yanomami no Brasil, e historicamente a escrita se mostra como uma ferramenta importante para esse protesto, por parte de diversos indígenas e também de Dário.
As cartas que escreveu foram, em sua maioria, em conjunto com seu povo ou com a associação Hutukara, contudo, em uma carta recente do ano de 2022, Dário assina sozinho em seu posto de Vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY). Ela se chama “Nota à Imprensa: Investigação do sequestro, estrupo, e assassinato de adolescente Yanomami na comunidade Aracaçá”, e denuncia violências previamente citadas para com a comunidade de Aracaçá: “este não é um caso isolado. Infelizmente, episódios de violência sexual contra crianças, adolescentes e mulheres Yanomami praticadas por garimpeiros invasores já foram registrados em outras regiões e foram publicados no relatório Yanomami Sob Ataque […]”.
Além disso, escreveu também cartas que traziam atenção à situação da saúde dos povos em território Yanomami, devido a uma epidemia de sarampo, assim como cartas escritas para presidentes e presidenciáveis, como o ex-presidente Lula e a Ministra Marina Silva, em correspondências escritas originalmente na língua Yanomami e traduzidas para o português. Assim como foi para seu pai, a escrita se mostrou como instrumento de comunicação para Dário Kopenawa Yanomami, e atuou como meio de união a outros povos e unificação da luta indígena.
Para saber mais sobre Dário Kopenawa, consulte:
http://www.hutukara.org/index.php/hay/dario-vitorio-kopenawa-yanomami