Quem é Siã Huni Kuin

Siã Huni Kuin, também conhecido como José Osair Sales, é um cineasta e agricultor do povo Huni Kuin (Kaxinawá) nascido em 1964 no Seringal de Fortaleza, em Alto do Jordão. Foi criado no seringal e desde sua infância ajudava seu pai, principal liderança de seu povo, com as tarefas de caça e plantio para a aldeia. Aprendeu o português aos 17 anos e sempre utilizou de seu discurso para agregar na luta a favor da demarcação. Além de seu trabalho como ativista, Siã é cineasta e percebe na arte uma maneira de expressão pessoal e registro histórico.

No final dos anos 70 Siã lutou pela demarcação da Terra Indígena Kaxinawá do Rio Jordão junto com outras lideranças, e em seguida contribuiu para a criação da cooperativa Associação de Seringueiros Kaxinawá do Rio Jordão (ASKARJ), que visava organizar a produção de borracha e venda de mercadorias nos seringais da terra Kaxinawá. Além disso participou de diversas conferências e palestras internacionais onde conversou sobre direitos dos povos indígenas e do seu povo. Em 2014 foi à Alemanha a convite do artista plástico Ernesto Neto e palestrou como convidado especial na exposição HAUX, HAUX, no Arp Museum Banhof Rolandseck e, no mesmo ano, esteve na Espanha e palestrou também na AYA, Conferência Internacional da Ayahuasca. 

Para o povo Huni Kuin o  desenho é parte essencial da beleza dos objetos e das pessoas. A pintura, para eles, se associa a uma fase de novidade na vida, e é frequente que em comunidades Kaxinawá sejam feitas pinturas de corpo inteiro com jenipapo. A arte é muito presente na vivência Kaxinawá, e o trabalho de Siã nas artes visuais demonstra o grande papel que a expressão por meio de pintura, arte e contação de histórias teve em sua vida.

Hoje em dia Siã é chefe de cerca de 37 aldeias, que possuem suas próprias lideranças, organizações e membros de diferentes âmbitos. Ele inspirou diversos jovens cineastas de seu povo, e seu legado na arte irá inspirar gerações de artistas Kaxinawá. Em seus escritos, Siã manifesta a necessidade da segurança de moradia para os povos indígenas, exigindo a demarcação por meio de cartas. Em sua carta de 2011, ele fala dos avanços conquistados com a fundação da Associação dos Seringueiros Kaxinawá do Rio Jordão (ASKARJ) e detalha a trajetória de progresso que essa organização trouxe ao seu povo. Contudo, sua carta se transforma em um pedido de socorro; ele suplica que algo seja feito quanto às invasões em T.I’s e conta como a demarcação e o incentivo às organizações autônomas indígenas pode oferecer aos Kaxinawá e outros povos indígenas independência, qualidade de vida e meios de manter suas próprias organizações em funcionamento: “Queremos suporte total para preservarmos os nossos verdadeiros nativos da floresta, dando condição suficiente, para organizarmos o nosso povo. Não estou contando coisas que vão acontecer, está acontecendo AGORA, neste momento. Por gentileza todos humanos, queremos a força de vocês.

 

Para saber mais sobre Siã Huni Kuin, consulte:

https://terrasindigenas.org.br/pt-br/noticia/190092

https://acervo.museudapessoa.org/pt/conteudo/pessoa/sia-huni-kui-jose-osair-sales-130867

https://www.academia.edu/44103186/Si%C3%A3_Kaxinaw%C3%A1_Si%C3%A3_Huni_Kuin_Biografia