Quem foi Maninha Xucuru-Kariri

Etelvina Santana da Silva, conhecida como Maninha Xucuru-Kariri, nasceu em 1966 em Palmeira dos Índios, interior de Alagoas. Os feitos de Maninha e sua participação ativa na luta a favor dos direitos dos povos indígenas deixam inspiração, admiração e frutos até hoje, após sua morte, e foram construídos desde muito cedo em sua vida. Desde a juventude Maninha se engajou em movimentos sociais e organizações, tendo participado de manifestações, movimentos de ocupações de terras e mobilizações em defesa da demarcação de territórios indígenas, visando proteger não apenas sua própria comunidade, mas também outras aldeias e povos.

A atuação de Maninha se concentrou entre os anos de 1980 e 2000. Aos 20 anos decidiu estudar medicina e ela contava que precisou sair da sua terra de nascimento para descobrir quem era, para então decidir que um dos objetivos de sua atuação na luta seria assegurar a terra para seu povo. Maninha testemunhou em primeira mão as dificuldades enfrentadas por sua comunidade, como a insegurança territorial, a falta de acesso à educação e saúde de qualidade, bem como a discriminação e estigmatização, fatores que são agravados, e muitas vezes até inteiramente causados, pela dificuldade na demarcação de territórios.

O povo Xucuru-Kariri, assim como diversos outros povos indígenas, têm uma forte ligação com o território que habitam e agem como protetores da terra. A relação harmoniosa com o território e o meio ambiente no geral é um aspecto central da cultura e conhecimento tradicional, portanto a luta pela demarcação se mostra como aspecto fundamental para a sobrevivência e bem viver do povo Xucuru-Kariri, crença compartilhada por Maninha, que chegou a coordenar retomadas de terra. Em 1994 Maninha fez parte do grupo de fundação da Associação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme), tendo sido a primeira mulher a atuar no grupo, e participou dessa coordenação por 16 anos. 

Até então não existem registros públicos de cartas escritas por Maninha, mas após sua morte algumas cartas escritas por mulheres de seu povo ajudam a reafirmar a importância de seu trabalho e a grande perda por seu falecimento. Sua incansável dedicação e trabalho renderam a Maninha reconhecimento nacional, mas para ela, o verdadeiro reconhecimento vinha da própria comunidade, que a via como uma líder inspiradora e uma guardiã de sua cultura. Em carta para Maninha, sua amiga Rosane Lacerda escreve: “Ficamos por aqui, com teus pais, teus irmãos e irmãs, sobrinhos, enfim, o Povo Xukuru-Kariri que tanto amaste, e todos aqueles que tanto te admiram e respeitam. Até um dia.”.

Para saber mais sobre Maninha Xucuru-Kariri, acesse:

https://cimi.org.br/2018/03/dia-internacional-da-mulher-a-memoria-e-a-luta-de-maninha-xukuru-kariri-guerreira-intelectual-e-feminista/

http://www.mulher500.org.br/maninha-xucuru-seculo-xx/