Quem é Raoni Metuktire

O Cacique Raoni, do povo Caiapó, ou Mebêngôkre, como se autodenominam, é atualmente uma das mais conhecidas vozes na luta indígena no Brasil. Não se tem o conhecimento de seu ano de nascimento, porém estima-se que nasceu entre 1930 e 1942, em uma vila chamada Krajmopyjakare, que é hoje conhecida como Kapôt. Raoni procura por justiça e união de seu povo e outros povos indígenas, e possui grande atuação política como voz que alastra mensagem e face que estampa transformações.

Em sua juventude, Raoni passou por diversas mudanças por conta do costume nômade de seu povo. O povo Mebêngôkre, embora não se desloque o tempo todo, desenvolveu uma maneira de movimentação que favorecia seu sustento e acesso a produtos agrícolas. Os Mebêngôkre enxergam grande importância no contato com a aldeia, a comunidade e a natureza, portanto é evidente que Raoni teve participação em grandes momentos na luta pela defesa dos povos indígenas, como a luta contra a construção da usina de Belo Monte, e falas que defendem a floresta, a terra e o meio ambiente. O Cacique teve contato com a língua portuguesa por meio dos indigenistas Irmãos Villas-Bôas, e aprendeu a língua por volta da década de 50. Alcançou maior reconhecimento nacional em 1987, quando participou, com o cantor Sting, de uma conferência da turnê Human Rights Now!. 

Durante sua vida Raoni manifestou seus ideais acerca da vida em harmonia com o meio ambiente e a união dos povos que habitam o planeta, e algumas dessas manifestações se deram através de escritos. É possível destacar duas cartas onde o cacique defendeu suas convicções, endereçando suas palavras ao Brasil e aos povos do planeta. Na primeira carta a ser citada, intitulada “Carta de apoio a luta contra as barragens”, do ano de 2013, Raoni se reúne com outros Mebêngôkre e assina o escrito repudiando a construção das barragens de Belo Monte, e dos rios Tapajós e Teles Pires: “Nós lideranças indígenas Mebêngôkre sempre fomos contra a construção das barragens ou de qualquer outra ação que prejudique o meio ambiente e suas populações”. 

Ademais, em outra carta de 2017 endereçada “aos povos do planeta”, Raoni se junta a Sônia Guajajara e Davi Kopenawa Yanomami para denunciar o genocídio que acontece no território brasileiro. Nela, as lideranças falam sobre o retrocesso nas leis de proteção aos territórios e povos indígenas, o que demonstra, além da relação intrínseca entre a proteção dos indígenas e a proteção do meio ambiente, a dedicação desses povos para com a floresta. Na carta fica claro que o cuidado com a terra vem desde os antepassados, é preservado pelos mais velhos e perpetuado pelas novas gerações: “não seremos silenciados. Não queremos que as riquezas de nossas terras sejam roubadas e vendidas. Desde o tempo dos nossos mais velhos antepassados, cuidamos de nossas terras. Protegemos a nossa floresta porque ela nos dá vida.”

Raoni movimenta o encontro de gerações em seu povo e apresenta à sociedade brasileira o significado de proteção. Assim como seus parentes de seu povo e outros povos diversos, demonstra uma conexão com a terra nutrida pelo mais puro respeito ao meio ambiente, se movimentando ao extremo oposto da relação de exploração por bens e dinheiro que frequentemente é vista pelo país.

Para saber mais sobre Raoni Metuktire, consulte:

https://site-antigo.socioambiental.org/pt-br/noticias-socioambientais/por-que-o-cacique-raoni-metuktire-deve-ganhar-o-nobel-da-paz

https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Meb%C3%AAng%C3%B4kre_(Kayap%C3%B3)

https://revistagalileu.globo.com/Sociedade/noticia/2019/11/conheca-historia-do-cacique-raoni-metuktire.html

https://www.funbio.org.br/ancestralidade-e-futuro-a-historia-do-povo-kayapo-pelo-cacique-raoni-metuktire/