Quem é Vãngri Kaingáng

Luciana Vãngri Kaingáng, conhecida como Vãngri Kaingáng, é uma autora, ativista, educadora e líder do povo Kaingang. Ela nasceu em 1980 na Terra Indígena de Ligeiro, no Rio Grande do Sul, e foi criada e morou em comunidade com seu povo até sua adolescência. Vãngri trabalha com arte e cultura principalmente, e seus livros publicados, como “Jóty, o tamanduá”, escrito juntamente com Maurício Negro, contam histórias sobre tradições Kaingang, envolvendo a dança, o canto e a música na contação de histórias do povo. 

Vãngri concluiu sua graduação em Ciências Biológicas na Universidade de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, e mais tarde saiu de sua cidade e passou a viver no Rio de Janeiro. Hoje em dia a autora trabalha no Instituto Kaingáng como escritora e educadora bilíngue, e na Associação de Escritores e Ilustradores Infanto Juvenil (AEILIJ) como arte-escritora e ilustradora. Durante sua graduação desenvolveu trabalhos de reconstrução de grafismos Kaingáng Téi e Ror, e mais tarde, em 2010, realizou trabalhos gráficos com a Rede Globo. Em 2013 participou da elaboração de uma exposição no Museu de Arte Moderna de São Paulo, onde coordenou a produção de um balaio gigante, o maior cesto indígena produzido por diferentes povos. Ela exercita desde sempre sua veia artística levando como base os aspectos culturais do seu povo e a maneira como as histórias tradicionais foram contadas a ela desde a juventude, procurando levar seu ensino da arte para as comunidades indígenas.

Vãngri é ativa na cena literária; publicou três livros, o primeiro de todos, de 2009, se chama “Antologia Indígena” e foi produzido com a colaboração de outros escritores e educadores do NEArln (Núcleo de Escritores Indígenas) do INBRAPI (Instituto Brasileiro para Propriedade Intelectual). Seu segundo livro, previamente mencionado, foi publicado em 2010 e leva o nome “Jóty, o tamanduá”, escrito em parceria com Maurício Negro. Seu livro mais recente, “Estrela Kaingáng – a lenda do primeiro pajé”, foi publicado em 2017 e fala sobre uma estrela que desce do céu e se apaixona por uma mulher indígena.

A autora trabalha como ativista e educadora, estando sempre envolvida em projetos que procurem contribuir para a formação de crianças indígenas, como seu trabalho em 4 escolas na aldeia Serrinha, e no desenvolvimento de material didático para a Escola Estadual Fág Kawá. Além disso, ela é extremamente vocal sobre os direitos dos povos indígenas, principalmente de mulheres indígenas, participando de manifestações e protestos junto ao seu povo e outros povos originários.

Sua atuação como ativista se mostra presente na escrita de cartas, como sua carta publicada em 2013 que fala sobre a expulsão violenta de diversos indígenas da aldeia Maracanã, e Vãngri, que morava na aldeia, descreveu todo o processo de retirada dessa população. Ela conta as humilhações que os moradores passaram e a maneira como seus direitos e integridades foram completamente desrespeitados, mostrando em mais uma situação, e em mais uma carta, o modo como a insegurança de moradia é presente na vida de indígenas no Brasil: “Agradeço a todos a atenção e peço que esta carta circule em todas as esferas necessárias […] e defendam os legítimos donos da terra e a destinação do nosso amado Antigo Museu do Índio”.

 

Para saber mais sobre Vãngri Kaingáng, consulte:

https://grupoeditorialglobal.com.br/autores/lista-de-autores/biografia/?id=3632

https://www.editorabiruta.com.br/collections/vangri-kaingang

As Cartas de Vãngri Kaingáng