Damião Paridzané é um cacique indígena do povo Xavante nascido no território Marãiwatsédé (Mato Grosso) no dia 06 de junho de 1952, e conhecido nacionalmente. Viveu em seu território Xavante até completar seus 14 anos, quando então foi transferido pela ditadura militar junto com sua comunidade para outras terras, na aldeia de São Marcos. O novo local de moradia de Damião sofria com uma epidemia de sarampo, situação similar a problemas que outros povos indígenas sofrem com relação ao acesso à saúde e a maior suscetibilidade à contaminação de doenças transmitidas por não indígenas em seus territórios. Pouco tempo depois de chegar nesse novo território, Damião foi separado de seus pais e colocado em um internato, onde permaneceu por parte de sua vida. Nunca mais viu seu pai após esse dia, mas conta-se que muitos Xavante morreram por conta da epidemia ou por beberem água envenenada, e seu pai foi um deles.
Os estudos de Damião iniciaram na Missão Salesiana aprendendo o português. Enquanto estudava, trabalhava na roça comunitária ajudando seu tio, e como parte da tradição Xavante ele “sempre participava com o canto da meia noite e dançava o dia inteiro, participava da Corrida de Tora de Buriti (Uiwede) e na festa da cerimônia (Wai´a)”. A escola foi um período difícil para ele em alguns aspectos, os castigos por falta de participação em aulas eram severos e o método de ensino era violento, levando em conta que os padres por vezes batiam em sua cabeça quando Damião não lia em sala.
A primeira participação de Damião em uma luta política com seu povo aconteceu entre 1979 e 1980, quando conseguiu expulsar fazendeiros invasores de seu território e, após isso, lutou e conquistou, junto com outras lideranças, a homologação da TI Parabubure (Nõrõtsu’rã). A saudade de seu próprio território motivava a vontade de luta de Damião, que conta que sonhava em um dia retornar para sua terra, reconquistá-la e construir um ambiente onde pudesse viver com seus netos.
Contudo, mesmo sendo conhecido pela luta a favor da terra onde nasceu, mais tarde em sua vida Damião foi alvo de muita visibilidade na mídia por conta de uma denúncia de corrupção. Em depoimento ele admitiu receber uma mesada para arrendar ilegalmente porções da Terra Indígena Marãiwatsédé para a exploração de gado, decepcionando parte de seu povo que o conhecia pela sua luta pelas terras. Ambas as cartas que escreveu, nos anos de 2012 e 2013, tratavam sobre a situação da terra Marãiwatsédé, contando sobre o processo de reconquista, manifestando o absurdo da expulsão dos Xavante de seu território tradicional, e falando sobre a importância da terra para os povos indígenas: “Neste território, os ancestrais, nossos bisavós viviam em cima da terra. Este território é de origem do povo de Marãiwatsédé. Nesta terra amada foi criado o povo de Marãiwatsédé.”, o que tornou as recentes notícias sobre o esquema de corrupção ainda mais chocantes.
Para saber mais sobre Damião Paridzané, consulte: