Boa Vista - Roraima, 27 de abril de 2022.

Da Hutukara Associação Yanomami para a Imprensa

Nota à Imprensa
Investigação do sequestro, estrupo, e assassinato de adolescente Yanomami na comunidade Aracaçá

Em face de informações recentes de que garimpeiros atacaram pessoas da comunidade Aracaçá, na região Waikás, Terra Indígena Yanomami, a Hutukara Associação Yanomami (HAY) vem informar que está acompanhando o caso e apurando mais informações junto às comunidades para esclarecer os fatos e encaminhar o que for necessário junto às autoridades.

Segundo os relatos, garimpeiros teriam estuprado e matado uma adolescente de 12 anos, e sequestrado outra mulher e uma criança, que desapareceu nas águas do rio ao tentar fugir.

A Hutukara chama a atenção para o fato de que, se confirmado, este não é um caso isolado. Infelizmente, episódios de violência sexual contra crianças, adolescentes e mulheres Yanomami praticadas por garimpeiros invasores já foram registrados em outras regiões e foram publicados no relatório Yanomami Sob Ataque, lançado no último dia 11. Além do assédio sexual, o relatório publicou casos de violência armada e ameaças de garimpeiros contra a vida dos Yanomami e Ye’kwana. Assim, mais uma vez a HAY não vai se calar diante de mais um ataque contra a vida de nossos povos.

Nosso relatório também traz informações de que a região de Waikás é a região mais impactada pelo garimpo ilegal na TIY. Quase metade do total da área destruída está concentrada em Waikás, no rio Uraricoera. A devastação na região em 2021 foi 296,18 hectares, um aumento de 25% em relação à 2021.

Além disso, foi em Aracaçá que um estudo conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em 2014, a pedido das comunidades indígenas, constatou a presença de altos níveis de mercúrio de garimpo nos habitantes da região. Nesta comunidade 92% das pessoas que participaram do estudo apresentaram índices elevadíssimos de contaminação.

A comunidade Aracaçá também está próxima à região de Palimiu, onde em maio do ano passado ocorreram seguidos ataques de garimpeiros armados e uma criança morreu afogada tentando fugir para se proteger dos invasores. Mesmo com toda a violência, a Base de Proteção Etnoambiental (Bape) da Funai, que deveria proteger o acesso ao rio Uraicoera ainda não foi reativada e o garimpo continua atuando livremente.

Essas e outras graves violações aos direitos dos povos indígenas causadas pelo garimpo ilegal em suas terras há anos vêm sendo denunciadas ao poder público pela Hutukara Associação Yanomami. Insistimos que o Estado brasileiro cumpra o seu dever constitucional e promova urgentemente a retirada dos invasores.

Dário Vitório Kopenawa
Vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY)

Fonte: https://conexaoplaneta.com.br/blog/cade-os-yanomami-onde-estao-os-integrantes-da-aldeia-onde-vivia-a-menina-morta-por-garimpeiros-como-estao-os-habitantes-da-maior-terra-indigena-do-brasil/

 

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