Nós índios Sataré-Maué, estamos sabendo que estão querendo abrir uma estrada (rodovia) da Maués para Itaituba, que irá de encontro com a Transamazônica (já desmataram 15 Km em Maués). Inegavelmente é muito bonita a estória do “Progresso” mas nos deixou muito triste porque essas estrada vai cortar nossa terra no sentido Leste/Oeste. Porque tanta maldade com nós índios? Que fizemos aos “civilizados” Para merecer tanta ingratidão? Nós não queremos que essa “Praça” de desgraça passe por dentro da nossa área: para onde irá a nossa caça? Nossos igarapés por onde passam nossas igaras que serão cortadas por pontes e tubulações. Para onde irá nossa água que bebemos sem gosto de óleo queimado? Nossas filhas e filhos, quem poderá garantir que não serão prostituídas? e se garantirem, até quando? Para onde irá o curupira, juma e mãe do mato? nossa terra. quem garantirá a não colonização é até quando? Nossa mata. quem garantirá que não será extinta? os bandidos, ladrões e assassinos, não se infiltrarão no meio de nós, vestidos com capas de bons cidadãos? Nós temos notícias dos nossos irmãos: [ilegível], Yanomami e Makuxi, que as rodovias os consumiram e continua conseguindo. Finalmente perguntamos: E a nossa cultura? será que o branco entende como cultura: uma ou várias estradas de carro? A soma de todas as vantagens que ela venha nos trazer preferimos as desvantagens sem a estrada.
Resta-nos solicitar que todos se juntem em nossa defesa, nas esperança de que pelo menos retarde nossa provável extinção.
Obrigado.
Antonio Ferreira, Tuxaua Sateré.
Original: De Antonio Ferreira Saterê para a Mídia