04 de março de 1986

Dos Tuxauas Galibi para a FUNAI

Aldeia do KW-70, 04 de março de 1986 

 

Amigo delegado, saudação.Nos, tuxauas Manoel Floriano Marcial dos Galib Marworno e henrrique dos Santos dos Caripuna, depois de consultas pras comunidades e de troca de idolos com os outros Tuxuauas, resolvemo Intorformar prá nosso amigo Delegado Salomão o que decidimos o podir apoio do amigo nossa ideia. sabemo que atuação da FUNAI é ruim, que Delegacia não tem verbas suficientes prá todas necessidades das tribos que nção muita, sabemo que verba da nossa Ajudancia é pouca e despesa grande que aumenta cada vez mais,acompanhamo o sacrificio do chefe de ajudacia prá manter ela funcionando mesmo. A gente vai vendo as coisas ficando ruim e a gente vai se preocupando muito com tudo isso, com segurança de nossas terras comn destino de nossas tribos. Governo tá lento demais e complicado. Ele não consegue arranjar um aparelho de fonte prá comunidade que já pediu e ainda continua pedindo desde 1983. Se não consegue atender um pedido tão simples como vai conseguir resolver e atender os mais complicados. O Governo tá lento demais mas o garimpeiro não, ele vem rápido com muito dinheiro, resolvendo tudo na marra. tão vindo aos montes prá região, indo pro alto até poque mas só resolverem depois caminha pra terra firme, prá resolve, vão pagar a FUNAI desprevinida, sem gente na BR-56 pois mais postos de vigilância pedidos não foram criados. não tem muitos funcionarios nos postos tem pouca coisa pra dar de apoio prá gente. Ai a única saída vai ser todas tribos se reunir e lutar contra eles e vai morrer muito branco e também vai morrer Indios. Nossas tribos precisam de poucas coisas, mas coisas necessárias que já podiam ter sido atendidas. Governo se complica com papel, com planos com as palavras, se atrapalha, tempo vai passando e nada resolvido. Sabemo da boa vontade de nosso irmão Salomão mas tamos ficando cansado de ver tempo ser perdido e achamo que tá na hora de agir. a uníca caída saída tanto pra resolver problemas de nossas aldeias quanto pra ajudar a FUNAI da área é a gente garimpar, tirar ouro e empregar prá meliorar situação das nossas tribos. não queremos garimpar prá beneficiar uma ou duas pessoas, não queremos cair nos erros que outras tribos já caíram quando garimparam, não vamos abandonar a agricultura. o produto do garimpo vai servir prá ajudar nossa agricultura, prá gente fazer nossos projetos, plantar cacau, café e outras coisas que vão ajudar também as economias das aldeias, pois ouro um dia acaba. queremo manter nossa força econômica e nossa posição de importancia no território do Amapá e isso nos ajudaria a ter meios de manter nossa vigilância e reserva. por isso, amigo Salomão, estamos colocando nossa ideia e pedindo apoio não só do amigo como também do Frederico e da FUNAI. temos duas áreas importantes, uma fica na BR-156, no Igarapé do Garimpo, perto da aldeia do Henrique e é ónde a gente que iniciar o garimpo e a outra é na montanha da Tipoka, na área do Kumaruman. Não vamos poluir rios nem destruir matas. Não vamos fazer nada disso. Precisamos sabe: como fazer, se dá prá trabalhar com maquinario ou com forma manual. Temos muitos Indios trabalhando em garimpos de civilizados e outros que estão na aldeia e já tem alguma prática. Eles ppoderão trabalhar. Precisamos saber se o filão tem capacidade de produzir o bastante pra cobrar as despesas que vão ser feitas. Precisamos de bombas e outros apetrechos e máquinas prá trabalhar que possam ser dadas pela FUNAI ou por alguma firma com observação da FUNAI para a gente pagar com produto do garimpo, sendo o primeiro trabalho no Lg. do Garimpo e depois da gente pagar tudo, financiar o garimpo do Kumaruman. portanto amigo e Delegado Salomão que pedimos é o segunte, que envie um tecnico do INPM prá calcular capacidade dos garimpos e depois disso que consiga um crédito pra nos comprar os materiais necessarios. há muitos garimpeiros querendo trabalhar com a gente mas a gente não quer. Também muitos donos do garimpo já disseram que financiam tudo prá nós mas a gente tem que vender o ouro todo pra quem fornecer. Também a gente não quer assim. Pois ficamo sendo preso a um compromisso com eles, aí eles vão vender as máquinas num preço muito alto e comprar ouro num preço muito baixo e a gente vai sair perdendo. era isso o que a gente tinha prá dizer e informar prá nosso amigo Salomão. Vamos aguardar nosso amigo dar resposta a nossa carta mas porfavor não demore muito pois tempo vai passando.

 

Desejamos felicidades ao nosso grande amigo Salomão, nosso 

Delegado.

 

Manoel Floriano Marcial

Tuxaua Geral dos Índios Galibi-Marworno

 

Henrique do Santos

Tuxaua Geral dos índios Karipuna

 

Fonte: https://acervo.socioambiental.org/acervo/documentos/carta-dos-tuxauas-do-oiapoque-ao-delegado-da-2a-drfunai

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