18 de Setembro de 1986

Do povo Guarani para o presidente do Banco Mundial

Hon Barber Conable

President teh World Bank

 

Prezados Senhores do Banco Mundial 

Nós somos da Área Indigena. Ocoi,

Comunidade Ava-Guarani, no municipio de São Miguel do Iguaçu, Estado do Paraná, Brasil.

Nós queremos contar nosso sofrimento e nossa luta, nós morávamos numa área de 1500 hectares, que tinha a oeste o Rio paraná, a leste a estrada Santa Helena / Santa Terezinha, ao norte o rio Ocoi e ao Sul o arroio Jautinga. Nossa área era toda de mato. Na área Ocoi-Jacutinga eramos mais de 100 familias, mais de 5000 pessoas. As familias eram muito grandes. 

Nós vivíamos em paz até que o Incra incendiou as nossas casas, muitas familias correram e cruzaram o rio Paraná e foram para o paraguai outras familias foram trabalhar nas fazendas por perto.

Algumas faimilias foram matadas pelos brancos. Foi assim que a nossa comunidade foi diminuindo, só ficando 30 familias, que se esconderam no mato.

A nossa terra ia ser inundada pela represa de Itaipu. Então  a Itaipu comunicou a Funai que tinha Indio na área, falou que ia ser Inundada.

A Funai mandou um antropólogo e falou que não tinha Indio na área, falou que só tinha mestiço e paraguaio. Foi mentira, nos estavamos sim.

O antropólogo falou para nós que eles so vinham para olhar e não falou mais nada.

Depois a Funai Veio e falou que não tinha outra terra para dar para nós. Falou que só tinha uma área que se chama Rio das Cobras, onde vivem outros Indio. A funai faliu assim: é bom vocês irem para lá que a funai vai ajudar a vocês. Ai nos fomos e sofremos, então voltamos 12 familías.

Depois chamamos nossos parentes e voltaram só 10 familias, e ai completamos 22 famílias. Em 1972 começou a nossa luta começamos a lutar, a lutar até conseguir o nosso direito. A nossa luta foi muito dificil.

Fizeram propostas de terra para nós.

A primeira proposta foi de 10 alqueires. A segunda foi 60 alqueires, a Terceira foi 80 alqueires. Nós não aceitamos nenhuma, A quarta e última proposta foi 251 hectares. Mas nos também não aceitamos esta proposta.

A Itaipu entregou para nós uma escritura de 251 hectares, mas no mapa feito em 31 de julho de 1982 estava marcado só 231 hectares. Este mapa nós descobrimos faz dos meses.

Nós não estamos de acordo com os 251 hectares. Mas naquele tempo a Itaipu começou a nos apertar, dava medo a nós, deu prazo de tres dias para sair, nós não queriamos deixar a nossa terra de 1500 hectares por uma terra de 251.

Ai Itaipu começou a encher a água da repreza e não teve mais jeito, nos tivemos que sair. Nos chegamos nesta terra em 1982, depois de nossa luta dificil para conseguir nossos direitos.

Hoje nós estamos 35 familias e 147 pessoas. Nós nunca esquecemos nossa terra e sempre pedimos a Itaipu.

A nossas terra está desbarrancando. O vento forte está fazendo a água entrar por baixo da terra e faz cair a terra. Também o mato cai porque a água entrou embaixo da raiz e derruba mais ainda a nossas terra.

Eram 231 hectares, em quatro anos ficou só 210 hectares. Daqui a mais quatro anos não vai dar mais para plantar, porque as familias estão aumentando, as crianças estão crescendo as crianzinhas estão nascendo e a Terra é pequena.

Nós escrevemos uma carta a Itaipu para vir aqui e falar da Terra e do desbarrancamento. Depois escrevemos outra e nunca responderam ao nosso pedido. Nós sempre mandamos cópia das cartas para a funai. no mês de abril de 1986.

Nós fomos chamados pela funai em Guarapari, onde fica o Delegado Regional da Funai, convença eles para resolver o nosso problema da terra. Eles falaram para esperar mais um pouco, até 60 dias, já passou 60 dias e não chegou solução.  Por isso nós fizemos uma carta para advogado para entrar na justiça sobre nossos pedidos da Terra.  

Quando nos chegamos nesta nova Terra que é nossa, ela já estava invadida. A Itaipu entregou a terra invadida pelos colonos vizinhos. Os colonos não queriam respeitar ao Idio. Eles entraram com maquinaria derrubaram o mato. O marco da divisa, tiraram tudo do lugar onde a Itaipu colocou. Os Colonos dizem que é porque a Itaipu não idenizou para eles. Nós somos indo mansos e não queremos brigar com nossos vizinho.

Nós aperlamos a Itaipu para fazer a demarcação denovo. Escrevemos carta no dia 20 de março de 1986. Mas eles não querial fazer outra demarcação. Funcionario da Itaipu falou assim: nos não sabemos como era a demarcação antes. Funcionarios tambem falaram assim nós vamos perguntar como é que era antes. Nós  esperamos a Itaipu que nunca veio.

Então nos apertamos de novo a Itaipu que veio passear na are no dia 26 de Julho de 1986. Ai eles resolveram para fazer a demarcação s onde não tem marco da divisa começou a fazer a demarcação no dia 8 de setembro de 1986.

Na beirada do lago de Itaipu tem muita madeira podre que criou muito bichinho, muito mosquito.  Nós não estavamos acostumados a viver na beirada do lago. No tempo de verão o lago é muito quente e as criancinhas e a gente grande ficam doentes.

Nós aqui da area Indigena Ocoi fois pegados a malaria por causa do lago de Itaipu. Em começo de maio, 27 pessoas grades e 16 crianças de 3 mes e 1 ano até a 12 anos foi pegado a malaria e grasa a Deus não morreram ninguém. At o branco pegou a malaria por causa do lago.

Nós não estavamos acostumados a tomar água de lago só tomava agua do rio que Deus colocou para nos tomar. Nessa terra agora não tem mais rio sem malaria. Agora nos tomamos agua cheia de malária e de bichinhos. Todas partes da beirada do lago está cheio de Veneno, porque os colonos lavam tanque de enceticida no lago. Também quando chove passa pela nossa terra e va para o lago, o Veneno que os colonos mboton na plantação, e isso dá muita doença. Nós não temos jeito do afastar da beirada do lago de Itaipu. Porque a terra é muito estreita. 

O medicamento que nós tomamos por causa da malaria foi dado pelo funcionário da SUCAM. A SUCAM passou veneno para matar o mosquito da malaria. Mas o mosquito está acostumado com o veneno forrte da plantação, e não adiantou para nada passar veneno.

Junto da nossa terra tem 80 alqueires que o Itaipu é dono. Nós queremos que o Itaipu idenize a nós do resto da terra que ela roubou. Nós tinhamos 1500 hectares de terra, com mato, com peixe, com cacau. Nós não tinhamos 210 hectares com veneno e malaria.

Deus nos colocou no mundo para viver em paz como irmãos. O branco quer massacrar ao Indio, não, quer ser Irmão do Indio. Mas nós queremos viver como irmãos de todos.

Nós queremos ficar nessa terra que nos lutamos para conseguir. Queremos esses 80 alqueires que estão junto da nossa terra. Queremos que a Itaipu idenize aqui perto da nossas terra o resto que falta.

Nós queremos recuperar nossa terra de 1500 hectares. Temos direito, nos eramos os donos da Area antes que o branco entrasse. nós tinhamos, bicho, passaros, peixxes não tinha doença, tinha mel de abelha.

Agora não tem mais nada. Quase não tem mais indio, porque tem muitas areas do Brasil, o branco o estrangeiro matou Indio com bombas, com metralhadoras, colocou veneno na área dos Indios.

Será que vocês não dão conta disto? este crime tem que ser resolvido.

O Itaipu faz desastre aqui no Brasil e agora não quer mais dar terra. Tem que dar. 

Por culpa da Itaipu tem muito branco sem terra o Itaipu pagou indenização para o branco comprar outra terra, mas foi pouco dinheiro, e branco não conseguiu comprar outra terra. Agora tem muito branco sem terra com Sofrimento de fome, sem plantar estão sofrendo como nós. 

Vocês emprestaram dinheiro para a Itaipu para fazer prejuizo para nós e para os brancos pobres como nós também Itaipu faz prejuizo muito grande aqui na America. Vocês emprestaram dinheiro só para isso. E também para a Funai para pagar pistoleiros pata matar ao indio. Porque nos temos direito muito grandes.

18 de Setembro de 1986

Area Indigena Ocoi 

Comunidade AVA-GUARANI

Cacique

Jão Centurião

Sebastião Bogado

Antônio Centurião

Casimiro Centurião

Francisco Acosto

Anique Anita

Jorge Bogado

Turino  Centurião

Matias Centurião

Liliana Casais

Alfredo Centurião

Vicente  Bogado

Silvino Baz

Mônica Martinez

Dolores Gomes

Lennonna Bogados

Margarita Bogados

Carina Palácios

Maria Estela Boga

Christine Potila

Fernando Peres

Ventura Acosta

Antônio Acosta

José Acosta

Adriana Dia

João Alves

Seidio Alves

Osvaldo Gonçalves

Aru Bogados

Hugo Bogado

Justino Centurião

Virginia Pereira

Matilda Centurião

Matilda Centurião 

Lopes Pereira

Luis Romero

Romão Martins

Jerônimo Alves

Benancio Alves

Francisca Martins

Leonarda Peres

Leonarda Centurião

Pedro Alves

Teresinha Centurião

Eleomar dos Santos

Agostinho Martins

Orlando Centurião

 

Fonte:

https://acervo.socioambiental.org/acervo/documentos/carta-de-varias-entidades-ao-banco-mundial-respeito-de-emprestimos-no-setor

 

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