À Universidade Federal do Ceará
Pró-Reitoria de Graduação
Profa. Ana Iório Dias
Nós, povos indígenas Tabajara, Tapeba, Pitaguary, Kanindé, Potyguara, Jenipapo-Kanindé, Tremembé do Córrego do João Pereira e Anacé, nos dirigirmos a V. Sa. com o objetivo de fazermos algumas considerações iniciais sobre o Curso de Licenciatura Intercultural Indígena. A temática vem sendo debatida pelos povos indígenas no Ceará em reuniões realizadas nos dias 29/07, 15/08, 16/08 e 18/08 do ano de 2006, nas comunidades do Jacinto (Monsenhor Tabosa), Horto (Maracanaú) e Lagoa II (Caucaia), Tremembé (Córrego do João Pereira) e Aratuba de Kanindé; no Seminário de Educação Escolar Indígena, dias 19, 20, 21/12/06; e em reunião do dia 15/05/07 na Lagoa dos Tapeba. Apresentamos abaixo as diretrizes básicas deliberadas nas ocasiões acima citadas.
– Assegurar a continuidade da discussão sobre o Curso de Licenciatura Intercultural com o comprometimento do novo reitor da UFC na elaboração e implantação da proposta de curso a ser elaborada;
– Formar um Grupo de Trabalho com a função de realizar discussões e elaborar o projeto de formação com a representação de indígenas, universidades e consultores;
– Após a elaboração da proposta de Curso da Licenciatura Intercultural, o Grupo de Trabalho articulará financiamento junto à SEDUC, MEC, FUNAI e Prefeituras;
– A Licenciatura Intercultural deverá garantir a participação indígena no planejamento da proposta pedagógica, no desenvolvimento das atividades e, em especial, na coordenação e avaliação constante do Curso;
– Os consultores/ formadores devem ter experiência em atividades de ensino ou pesquisa com comunidades indígenas e, também, ser indicado pelos povos que participam do Curso;
E, finalmente, destacamos aspectos sobre o currículo e estrutura do Curso:
– A proposta curricular deve ser fundamentada na pesquisa.
– A definição de eixos curriculares deve contemplar os interesses do movimento indígena contemplando temas como terra, saúde, educação, meio ambiente etc.
– O currículo deve considerar algumas disciplinas e temas específicos que interessam as comunidades indígenas: Literatura Indígena, Política Indigenistas, Legislação da Educação Escolar Indígena, Informática Educativa etc.
– Deve contemplar aspectos importantes da prática docente no interior das escolas indígenas, como por exemplo, a educação infantil e a educação de jovens e adultos.
– As etapas devem ser realizadas preferencialmente nas aldeias.
– É importante também que as lideranças indígenas ocupem um papel privilegiado na tarefa de formação.
Diante do apresentado, esperamos contar com o apoio e parceria desta Instituição.
Atenciosamente,
CARTA DE MOVIMENTO DE PROFESSORES INDÍGENAS NO CEARÁ
Fonte:
http://redesestudantesindigenas.unemat.br/htm/default.php?Strnav=15:182