Caucaia, 15 de maio de 2007.

Dos Professores Indígenas do Ceará para a Universidade Federal do Ceará

À Universidade Federal do Ceará

Pró-Reitoria de Graduação

Profa. Ana Iório Dias

 

Nós, povos indígenas Tabajara, Tapeba, Pitaguary, Kanindé, Potyguara, Jenipapo-Kanindé, Tremembé do Córrego do João Pereira e  Anacé, nos dirigirmos a V. Sa. com o objetivo de fazermos algumas  considerações iniciais sobre o Curso de Licenciatura Intercultural  Indígena. A temática vem sendo debatida pelos povos indígenas no  Ceará em reuniões realizadas nos dias 29/07, 15/08, 16/08 e 18/08 do ano de 2006, nas comunidades do Jacinto (Monsenhor Tabosa), Horto (Maracanaú) e Lagoa II (Caucaia), Tremembé (Córrego do João Pereira) e Aratuba de Kanindé; no Seminário de Educação Escolar Indígena, dias 19, 20, 21/12/06; e em reunião do dia 15/05/07 na Lagoa dos Tapeba. Apresentamos abaixo as diretrizes básicas deliberadas nas ocasiões acima citadas.

– Assegurar a continuidade da discussão sobre o Curso de Licenciatura Intercultural com o comprometimento do novo reitor da UFC na elaboração e implantação da proposta de curso a ser elaborada;

– Formar um Grupo de Trabalho com a função de realizar discussões e elaborar o projeto de formação com a representação de indígenas, universidades e consultores;

– Após a elaboração da proposta de Curso da Licenciatura Intercultural, o Grupo de Trabalho articulará financiamento junto à SEDUC, MEC, FUNAI e Prefeituras;

– A Licenciatura Intercultural deverá garantir a participação indígena no planejamento da proposta pedagógica, no desenvolvimento das atividades e, em especial, na coordenação e avaliação constante do Curso;

– Os consultores/ formadores devem ter experiência em atividades de ensino ou pesquisa com comunidades indígenas e, também, ser indicado pelos povos que participam do Curso;

E, finalmente, destacamos aspectos sobre o currículo e estrutura do Curso:

– A proposta curricular deve ser fundamentada na pesquisa.

– A definição de eixos curriculares deve contemplar os interesses do movimento indígena contemplando temas como terra, saúde, educação, meio ambiente etc.

– O currículo deve considerar algumas disciplinas e temas específicos que interessam as comunidades indígenas: Literatura Indígena, Política Indigenistas, Legislação da Educação Escolar Indígena, Informática Educativa etc.

– Deve contemplar aspectos importantes da prática docente no interior das escolas indígenas, como por exemplo, a educação infantil e a educação de jovens e adultos.

– As etapas devem ser realizadas preferencialmente nas aldeias.

– É importante também que as lideranças indígenas ocupem um papel privilegiado na tarefa de formação.

Diante do apresentado, esperamos contar com o apoio e parceria desta Instituição.

Atenciosamente,

 

CARTA DE MOVIMENTO DE PROFESSORES INDÍGENAS NO CEARÁ

 

Fonte:

http://redesestudantesindigenas.unemat.br/htm/default.php?Strnav=15:182

 

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