08 de janeiro de 2013.

Do Povo Kiriri para o MUPOIBA

Ao Sr. coordenador geral Adenilton de Oliveira Santos do MUPOIBA, 

A nação Kiriri vem por meio deste representante Manoel Cristovam Batista (cacique) do povo Kiriri, decretar estado de emergência da situação caótica que vem acontecendo em nosso território e região do semiárido Nordeste II, motivo esse que nos leva a situação de calamidade aos povos Kiriri e Tuxá município de Banzaê, Kaimbé Massacará município de Euclides da Cunha e Toca do Cru município de Quijingue. Nos últimos três anos (2010, 2011 e 2012) sofrendo com longas estiagens, e nos períodos de plantio de feijão e milho não tiveram safra motivo esse que se agravou nos decorrentes meses afetando também a safra da castanha. Por tanto, a situação em 2013 chega em estado de emergência precária; Lagoas secas, tanques, barreiros, barragens, cisternas e açudes da região secaram, até as nascentes naturais (que chamamos de minadores) também estão secando. 

A preocupação dos povos indígenas vendo tudo se acabando por falta de alimentações e escassez de chuvas, as criações de animais morrendo de fome e sede, jovens sendo obrigado a sair de suas aldeias deixando suas famílias, seus costumes e tradições em busca de oportunidades em outras regiões do país. Os programas que foram implantados pelo governo Federal e Estadual, não estão sendo suficientes para atender todas essas demandas causadas pela seca.

Sabemos que o governo Federal e governo Estadual investiram R$ 15 milhões de reais em perfurações de poços artesianos de alta vazão na região, entre eles alguns foram perfurados no município de Banzaê e que essas vazões de água não vieram a contemplar aos povos indígenas dessa região. Se o governo tivesse investido pelo menos parte dessa vazão para irrigação da agricultura familiar nas terras indígenas, talvez não estivesse nessa situação. Somos uma população de 5.200 (cinco mil e duzentos) indígenas em situação crítica na região.

O povo Kiriri reunido no dia 07 e 08 de janeiro de 2013 na aldeia canta galo pautaram o seguinte assunto: perfuração de poços artesianos de alta vasão para irrigação da agricultura família e consumo na agropecuária coletiva e individual. A irrigação é um dos mecanismos fundamentais ao desenvolvimento sustentável que é uma atividade praticada pelos povos indígenas.

Diante das situações que se encontra, somos obrigados a pedir soluções imediatas para resolver os problemas causados pela seca: Enquanto a chuva não chega a nossa região e as perfurações dos poços artesianos não acontece, para amenizar o sofrimento de nossos índios e dos animais pedimos urgentemente Cesta básica para as famílias indígenas.

 

Atenciosamente. 

Povo Kiriri Canta Galo, representante Manoel Cristovam Batista Cacíque.  

 

Fonte:

https://terrasindigenas.org.br/en/noticia/120587

 

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