Novo Progresso, 20 de agosto de 2020.

Ao Senhor:

MARCELO AUGUSTO XAVIER DA SILVA

Presidente da Fundação Nacional do Índio

Telefone: (61) 3247-6001

E-mail: presidencia@funai.gov.br

Senhor presidente

Nós, caciques, lideranças e guerreiros Kayapó-Mekrãgnoti, das Terras Indígenas Baú e Menkragnotí, não aceitamos o documento encaminhado ontem pela CGLIC FUNAI Brasília (OFÍCIO N O 979/2020/CGLlC/DPDS/FUNAl de

1 1 082020 Processo n o 08620.000089/2009-65 e 2393268 08755.002138/202084). Nosso PBA está atrasado a renovação, não aceitamos o cronograma encaminhado, os recursos emergenciais estão na mesa do diretor de administração da FUNAI, para liberação ao Instituto Kabu. A saúde indígena está cada vez mais fraca. Queremos que autoridades do DNIT, SESAI, FUNAI, M\NFRA e IBAMA venham aqui resolver nossos problemas, estamos cobrando os nossos direitos. Exigimos a exoneração da coordenadora da CGLIC, CARLA FONSECA DE AQUINO COSTA, que é uma funcionada do Ministério do Meio Ambiente e está na FUNAI travando a liberação do nosso PBA. Nosso manifesto é paráfico, não queremos brigar. Não aceitamos o Exército, a Polícia Federa! ou Policia Militar vir aqui nos tirar a força. Desse jeito vai ter sangue derramado nesse asfalto. Estamos aqui defendendo a proteção da Amazônia, a proteção do nosso território. O governo quer abrir as terras indígenas para projetos que são ilegais, corno garimpo, extração de madeira e arrendamento de pasto em nossas terras. Isso nós não aceitamos. Todo projeto deverá ser discutido e construído com as comunidades indígenas. Não aceitaremos o governo fazer imposição ou atropelar os nossos direitos. Nossos direitos estão sendo violados. O que acontecer aqui a partir de hoje vai ser responsabilidade do Governo Federal. 

Fonte: Arquivo pessoal do pesquisador Rafael Xucuru-Kariri