21 de Junho de 1987

Da Comunidade de Jabuti para o Presidente da FUNAI

Maloca de Jabuti, 21 de Junho de 1987

 

Presidente da Funai 

Dr. Romero Jucá Filho

 

Nós, da comunidade de Jabuti, trazemos ao conhecimento de vossa senhoria os sofrimentos que enfrentamos e estamos enfrentando, relatam dos pontos essenciais dos fatos.

Em mil novecentos e setenta e três o Sr. Ilson França situou por conta própria uma carta dentro da área da maloca jabuti.

Em mil novecentos e oitenta o Sr. Ilson frança vende a casa situada na área, para Sr. Abdon Antoné.

Em mil novecentos e oitenta e um o senhor Abdon querendo vender a casa mas sem condições de negociar (por ceará dia delimitada), entra de acordo com o Sr. Ilson frança para ajudar na venda da casa, então consegue vendê-la para o Sr. Paulo Murat perto da roça.  Após a compra da casa que ele comprou ainda quatro casas dos índios – adelino, sebastião, celso e mendonça que foram forçados a vender, todos da referida maloca, por que ele diz que a área era sua e para retirá-los Das tramposoa para levá-los até Boa Vista. Nesse peço a defesa da funai Dinast que não serviu dizer ter paciência.

Em mil novecentos e oitenta e dois, o senhor paulo começou ameaçar a nossa comunidade destruir nossas roças queimar duas casas (de Osvaldo e Avelino) e fez cercado passando no meio da maloca. Diante desta trágica situação da comunidade a FUNAI não fez outra coisa senão dá alimentos no valor de cr$ 124 400,00 (cento e vinte quatro mil e quatrocentos cruzeiros) de alimentação da comunidade durante um ano, e, que depois a comunidade pagaria o valor do alimento para a FUNAI.

Se a FUNAI de alimentos para solucionar somente a fome por algumas semanas como ficaria a vida da nossa comunidade? Para ver o prejuízo causado pelo sr. paulo tivemos na maloca uma agente da FUNAI e a Polícia Federal, amenizaram.

Neste ano de mil novecentos e oitenta e sete, o Sr. Paulo Murat começou a investir contra a comunidade. No mês de abril do ano em curso queimou o cemitério e o curral de nossa comunidade ele fez essa destruições de jagunços.

Ele diz que é dono da fazenda, que por sinal não tem uma criação sequer dentro da mesma.

Diante desta situação pedimos com urgência solução do problema e demarcação de nossa terra, que já é delimitada. 

 

Para maior reforço segue a nossa assinatura

Gabriel de souza 

Rezia santos

Eliseu Maué Salvador 

José da Silva 

Francisco da Silva 

Maria Madalena  

Sebastião da Costa 

Valdeci da Silva 

Ernande

Eliane

Andrade da Silva França

Josefina Marcos

Aroldo Beto da Silva

Susana da silva

Dora da silva

Fernando da Silva

Iracema santos matos

Helene dos santos

Manuel Sales de matos 

Anselmo santos matos

Raimundo soares Macedo

Dolores lacerda

Baselho Salvador

Iago Santos Matos

Feliciano Eduardo

Isabel Mesquita

Horácio Auricélio josé

Cecilia Andrade da silva

Roberta José da silva

Celina José da silva

Neide Santos Matos

Wilson Santos

Anastácio Terêncio

Basílio Jão

 

Fonte: 

https://acervo.socioambiental.org/acervo/documentos/carta-da-comunidade-de-jaboti-ao-pres-da-funai-pedindo-urgencia-na-demarcacao-de

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