Território Tradicional Povo Tumbalalá – Abaré/Curaçá – Bahia, 27 de abril de 2013

Do Povo Tumbalalá para as Lideranças, ONGs e Instituições

PARA TODAS AS LIDERANÇAS, ONGS E INSTITUIÇÕES:

 

Nós, POVO TUMBALALÁ, de todos os tempos sabemos que somos índios e não precisávamos provar nossa identidade. Desde da década de 1910 que nossos antepassados vem lutando pela resistência e fortalecimento dos nossos costumes e tradições através de nossos rituais e práticas sócios-culturais, é desde este tempo que já convivíamos com o POVO TRUKÁ índios que habitam na ilha de Assunção defronte ao nosso território no Estado de Pernambuco. Nesta época não sabíamos da existência de nenhum órgão governamental para proteger e garantir os nossos direitos que sofríamos e que estamos sofrendo até hoje pelos invasores. Com o passar dos tempos após muitos conflitos e perseguições descobrimos que existia um órgão Federal que determinava quem eram os índios do Brasil, com isso, nossos anciãos se preocuparam e viram que eram obrigados a levantar a aldeia, ter seu reconhecimento oficial.

De tanto os nossos velhos falarem em levantar a aldeia foi que em 1997 começamos nos organizar e procurarmos o órgão do Governo para sermos reconhecidos como povo indígena. Em 1998 tivemos a visita de um antropólogo da ANAÍ e lideranças indígenas de responsabilidades da aldeia de Rodelas o pajé, o cacique e mais duas lideranças da época para testemunhar dos nossos costumes. No decorrer da luta na busca do reconhecimento da identidade, entendemos que tínhamos que provar que éramos índios, ocasião que deixou nossas lideranças angustiadas de ter a prova seus costumes e tradições. Enfrentamos, graças ao Criador não tivemos medo porque através do nosso ritual os nossos encantados sempre passaram para o nosso povo, a nossa etnia e o nosso território tradicional e por isso depois de muito trabalho e visita de pesquisadores através de nossa história contada pelos idosos e da prática do ritual preservada até hoje, foi que em 2001 tivemos o reconhecimento oficial da nossa identidade indígena. A partir desta data começamos a luta pelo reconhecimento do território tradicional TUMBALALÁ, processo do Governo, depois de identificado, delimitado, publicado o relatório fundiário e  contestado dentro do prazo legal por CHESF, Prefeituras, Sindicatos  juntos aos posseiros, este relatório foi  defendido e aprovado pela FUNAI , órgão que consideramos de seriedade e  responsabilidade e pelo Ministério da Justiça órgão que age na defesa da legalidade. Depois de tanto sofrermos na espera do cumprimento dos nossos direitos desejamos que nada mais venha atrapalhar o processo demarcatório de nossa terra TUMBALALÁ, pois já passamos por todos eles.

Estamos vivendo momentos angustiantes em sabermos que grupos de pessoas próximo e de dentro do nosso território dizem ser índios de outra etnia, não passaram pelo o processo de reconhecimento oficial e se manifestam aos órgãos públicos, ONGs e parceiros cobrando território. Afirmamos pela luta e história dos nossos antepassados que a etnia por eles citada não fica dentro dos nossos municípios Abaré e Curaçá. Por isso esperamos de todos: órgãos competentes, ONGs de compromisso com a causa, movimento indígena e indigenista, parceiros e parentes que não tomem atitudes sem conhecimento da verdade construída secularmente pelo nosso povo em nosso território tradicional.

POVO TUMBALALÁ.        

 

Fonte: Arquivo pessoal do pesquisador Rafael Xucuru-Kariri.

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