Praia de Almofala, 06 de junho de 2008.

Do Povo Tremembé para o Brasil

Nós, índios Tremembé de Itarema, Acaraú e Itapipoca, reunidos na I Assembléia do Povo Tremembé, em Almofala na Escola de Ensino Fundamental e Médio Maria Venâncio no período de 04 a 07 de junho de 2008, registramos nosso repúdio ao empreendimento turístico internacional Nova Atlântida, que vem ameaçando a sobrevivência do povo Tremembé de São José e Buriti, em Itapipoca.

Nos últimos anos, a empresa intensificou sua presença em nossas terras e, apesar de uma liminar promovida pelo Ministério Publico Federal no Ceará, aprovada por juiz federal e confirmada pelo Tribunal Regional Federal-TRF 5º Região no Recife, vem nos discriminando com atitudes racistas, negando nossa etnia. Além disso, nos agride com ameaças, criminaliza nossas lideranças, procura lideranças para enfraquecer nossa luta e coloca nossos parentes contra nós, em troca de dinheiro, causando a discórdia entre nosso povo. Sofremos também ameaças e agressões de policiais militares da 3ª Companhia de Itapipoca, da comarca de Trairi e de Fortaleza, contratados pela empresa. Persegue ainda nossos apoiadores, como o professor Jeovah Meireles, da Universidade Federal do Ceará. Como se não bastasse tudo isso, a Nova Atlântida desrespeita e agride também nossa natureza, desmatando as matas para construir e ampliar estradas dentro da nossa terra.

As nossas comunidades são cheias de belezas naturais: matas, lagoas, dunas, rio, manguezal, água limpa e ar puro. Não aceitamos esse empreendimento! Não queremos ver nossas águas poluídas, nossa mata devastada, nossos animais mortos. É da caça, da pesca e da agricultura que vivemos.

Diante do que foi brevemente exposto, exigimos a saída dessa empresa de nossas terras e reivindicamos a criação imediata do grupo de trabalho da FUNAI para dar início ao processo de demarcação da terra indígena Tremembé de São José e Buriti Itapipoca.

Fonte: www.socioambiental.org

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