Nós, representantes dos povos indígenas da Amazônia Brasileira, Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Roraima, Rondônia, Tocantins e Pará, reunidos entre mais de cento e vinte lideranças na aldeia Umutina, município Barra do Bugres/MT, aqui, na última fronteira da Amazônia região castigada, porém resistente à fúria do agronegócio.
No território Umutina, nos reunimos entre os dias 26 a 29 de agosto de 2013, falamos diversas línguas, mas com um só sentimento. É necessário o embate às tentativas de extermínio que sofremos. Há 513 anos sobrevivemos acreditando em nossas verdades, que não há nada mais sagrado que a terra em que vivemos e fazemos viver.
Andamos na contramão do “progresso do capital”, que defende a destruição dos nossos territórios, que nos submete a leis anti-indígenas, como a PEC 215 e tantos outros projetos de morte, embalados pelo rolo compressor da política brasileira. É preciso continuar lutando. Os guerreiros e guerreiras da Amazônia são fortes e jamais desistirão. Quem nos representa, se não somos nós mesmos?
Diante do cenário extremamente critico e doloroso em que os nossos direitos são violados e desrespeitados pelo estado brasileiro, direitos estes conquistados e garantidos na Constituição Federal de 1988, após muita luta e resistência de nós povos indígenas do Brasil.
Neste encontro, nos reunimos para discutir e manifestar nossa indignação diante desse cenário totalmente anti-indígena, em que o Estado se omite, assim como para nos fortalecer em defesa de nossa vida, de nossos filhos e das futuras gerações.
O nosso grito de protesto é contra o modelo de desenvolvimento adotado no Brasil que estimula as desigualdades. Nunca se viu na história recente do país, tanta revolta das massas. Vivemos um momento que o país parece ter acordado de um coma profundo, a multidão nas ruas protesta, levando o grito e o clamor dos que lutam por justiça.
Somos a voz que não se cala. Somos os guardiões da floresta, a natureza viva até o último índio, somos a revoada de pássaros multicoloridos e de longe se houve o grito de resistência.
Fortalecer a luta para garantir os direitos indígenas. Viva a Amazônia Indígena.
CARTA ABERTA DA X ASSEMBLÉIA GERAL ORDINÁRIA DA COIAB
Fonte:
https://pib.socioambiental.org/pt/Not%C3%ADcias?id=130822