Dos Guarani Kaiowá para Brasil

Terra Indígena Nhanderu Marangatu, 26 de fevereiro de 2006.      

“Em memória de Marçal, D. Quitito, Dorvalino e todos os que morreram na luta pela terra e vida.”

Reunidos na T. Indígena Nhanderu Marangatu, nós da Comissão Kaiowá Guarani, em conversa com nossos patrícios e a partir da nossa discussão, sentimos o sofrimento que eles tem passado nesses 70 dias à beira da estrada.

Diante da realidade e do clamor da injustiça feita contra os membros dessa terra indígena, solicitamos e exigimos: 

  1. Que o Supremo Tribunal Federal julgue o mais rápido possível a ação, revalidando a homologação da nossa terra.
  2. Que possamos continuar colhendo e trabalhando nas nossas roças, pois isso nos é garantido nas leis nacionais e internacionais, porque isso é indispensável para nossa sobrevivência.
  3. Que os moradores da Vila de Campestre, que ficam dentro da terra indígena, sejam reassentados o mais rapidamente possível, em condições semelhantes a que se encontram hoje, conforme o Incra se comprometeu, em documento, quando estivemos em Brasília, em dezembro de 2005, 
  4. Que a Funai indenize o mais rápido possível as benfeitorias das 50 famílias de não índios dentro da terra indígena Nhanderu Marangatu, conforme a lei.
  5. Que qualquer coisa que acontecer a uma das nossas lideranças será de responsabilidade do governo e do poder judiciário que não decidiram até hoje garantir nossa terra, já que as ameaças constantes a nossas lideranças continuam.
  6. Que seja logo instruído, pelo Ministério Público, o processo do assassinato do Dorvalino, e que o assassino confesso seja novamente preso, sendo feita a justiça.
  7. Que os fazendeiros que passam e passaram veneno nas plantações de mandioca da comunidade e impediram a gente de irmos até nossas roças, agredindo os nossos direitos, sejam responsabilizados por tais atos e que, sejam punidos e paguem os prejuízos que tivemos em alimentos, já que nossa subsistência depende da roça que foi envenenada.

Gente do nosso grupo está sendo pressionada e ameaçada para abandonar o acampamento e alguns sendo levados para periferia das cidades. Vemos isso como uma tentativa de enfraquecer e dividir nosso povo.

Entendemos uma agressão nós não podermos usar a terra por estar na justiça e os fazendeiros continuam usando da mesma forma como fizeram durante muitos anos, destruindo a natureza e envenenando e enfraquecendo a terra.

O Presidente da Funai afirmou recentemente que os índios tem terra demais. Nós Kaiowá Guarani aqui no Mato Grosso do Sul não temos, em média, um hectare por pessoa. Perguntamos se o presidente da Funai acha isso “terra demais?” Só se considerar apenas terra para sermos enterrados.

Comissão de Direitos Kaiowá Guarani / Acampamento Nhanderu Marangatu

Fonte: https://cimi.org.br/category/noticias/page/847/

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