Brasília, 27 de fevereiro de 2008.

Do Warã Instituto Indígena Brasileiro para o Brasil

Por meio deste documento, o Warã Instituto Indígena Brasileiro, seus filiados e os demais ao final relacionados, vêm a público, formalizar veemente repudio às falsas e graves acusações disponibilizadas em redes de internet, que tem como único objetivo denegrir a imagem e a reputação ilibada da socióloga indígena Azelene Inácio Kaingang.

Não somente quando esteve à frente do Warã Instituto Indígena Brasileiro, Azelene Inácio Kaingang ou Azelene Kaingang como é mais conhecida, se dedicou à defesa e garantia dos direitos humanos dos Povos Indígenas, dentre os quais especialmente os direitos territoriais como patrimônio maior dos Povos Indígenas, os quais tratou de consolidar na Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas, mas dedicou toda a sua vida a esta missão, recebendo diversos prêmios que coroaram a sua luta, sempre ancorada no princípio da boa fé e no diálogo democrático.

Igualmente, Azelene Kaingang, foi e é a principal interlocutora dos Povos Indígenas Brasileiros nos diversos fóruns internacionais (ONU e OEA) que desecandearam em dispositivos jurídicos que contribuíram e contribuirão para a solidificação dos direitos dos Povos Indígenas do Brasil e do mundo. Por conhecer o caráter da brilhante profissional dessa líder indígena é que chancelamos a nossa confiança incondicional a essa simples e dedicada mulher, a essa guerreira que ousou e ousa desafiar os poderosos desse País e as máfias partidárias que negociam desavergonhadamente os direitos indígenas. Para tudo há um preço e Azelene está pagando o preço por informar a um Povo Indígena os mais novos direitos conquistados com a Declaração das Nações Unidas, entre esses a autonomia e o direito a livre determinação. Sabemos que os tutelistas de plantão, que ousam decidir pelos índios em pleno século XXI, serão implacáveis, já que não admitem que os Povos Indígenas são sujeitos da sua própria vontade e dos seus destinos. Ainda nos custará muito, até que nos libertemos de fato do ranço tutelista e das teorias e políticas retrógradas das quais somos vítimas cotidianamente, exemplo disso são os conflitos e a verdadeira guerra que os nossos Povos travam contra o PAC (Plano de Aceleração do Crescimento), onde o governo federal insiste em não reconhecer e cumprir os Instrumentos Internacionais de Direitos Humanos dos quais é signatário, mas não hesitaremos em transformar a Declaração da ONU na “Lei Áurea” dos Povos Indígenas desse País.

É natural que o poder seja implacável com uma indígena que declara numa das mais importantes revistas de circulação nacional (ISTO É – edição de 7 de dezembro), que “A Declaração será a borduna dos índios nos próximos séculos”, e que “No Brasil, vai dar uma freada no PAC.” ” Ficará bem mais fácil impedir a exploração de minérios em terras indígenas, que vai precisar de aprovação das aldeias”. “Não acreditamos que mineração em terra indígena melhore as condições de vida dos índios e gere riqueza”, “Isso só traz prostituição e doenças.” Essas e outras falas de Azelene demonstram a serenidade e a indubitável certeza do seu compromisso com os direitos indígenas.

Por tais razões os membros do Instituto Warã, e todas as pessoas de bem e de boa fé que conhecem a carreira desta importante socióloga e mulher indígena, e que sabem de sua significativa contribuição para os direitos indígenas e para o Movimento Indígena Brasileiro, repudiam as acusações absurdas veiculadas na internet e exigem respeito e seriedade, palavras estas que traduzem toda a trajetória de sua vida.

Vale informar que todas as providencias jurídicas já estão sendo adotadas no sentido de que os autores de tais calunias e injúrias não fiquem impunes.

 

Com Saudações Indígenas,

 

Warã Instituto Indígena Brasileiro

Warã Sul

COAPIRS – Coordenação e Articulação dos Povos Indígenas das regiões Sul e Sudeste

AUIKG – Associação dos Estudantes Universitários Indígenas Kaingáng e Guarani

Instituto Kame

Comitê de Defesa dos Direitos Indígenas – MS

APITO

CONAMI – Conselho Nacional de Mulheres Indígenas

Instituto Raoni

Cultural Institute Brasil-Canadá

Raoni Metuktyre

Megaron Txucarramãe

Akiaboro Kaiapó (Líder maior do Povo Kaiapó do Sul do Pará)

Alexandra Paliano – Administradora de Empresas – Kaingáng

Roselinda Kaingáng – Pedagoga

Cleusa Alves – Professora Indígena

Irene Kaingáng – Vice-Cacique da Terra Indigena Palmas

David Wapichana – Advogado Indígena

Júlio C. Inácio – Agrônomo e Mestre em Ecologia

 

Fonte: 

https://webradiobrasilindigena.wordpress.com/2008/03/18/direito-de-resposta-na-imprensa/

 

 

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