22 de abril de 2006.

De Alcir Rodrigues Medina para o Brasil.

Queremos a verdade do fato

  Fomos até Porto Cambira saber mais sobre o que aconteceu realmente no caso dos policiais mortos naquele local. Chegando lá, fomos muito bem recebidos pelas famílias, e perguntando sobre o ocorrido ficamos impressionados com os esclarecimentos dados por eles.

  Disseram que, no dia, os policiais chegaram na aldeia por volta das 16 h da tarde, sem fardas, usando bermudas e dando tiros, inclusive acertando um jovem nos pés. Sem dúvida eles não iriam apenas ficar vendo esta cena! È a mesma coisa que um estranho chegar na sua casa e fazer coisas absurdas com sua família …Qual seria sua reação? defender-se, não é mesmo? Pois então,  foi uma forma de defesa que ocasionou tudo isso.

E por tratar-se de policiais, o poder contribuiu para que a história repercutisse de uma forma que possibilitasse à sociedade conhecer apenas a versão destes.

Os meios de comunicação mostraram que foram os índios que começaram as agressões, não mostraram o jovem indígena atingido por um tiro, ou as cápsulas de balas espalhadas por todos os lados. Esta é a revolta que existe lá, da imprensa e autoridades questionarem a comunidade e mesmo ouvindo a verdade, insistirem em mostrar os fatos distorcidos, negando e omitindo partes da historia.

A imprensa mostrou, na última semana, que os acusados se entregaram aos policiais confessando o crime, mas, não contaram e nem refletiram a maneira que os policiais podem ter usado para alcançar esta atitude com os 09 indígenas que ainda estão presos, sendo um deles, menor de idade, que também se encontra preso na penitenciaria Harri Amorim Costa.

Isso para nós é inaceitável, mostrar apenas uma versão e não ver o outro lado da historia, não respeitarem um povo que sofre. Que sofre com o preconceito, com a falta de incentivo, mas que por outro lado, luta. Luta pela terra, pelos seus direitos, pela sobrevivência.

 

Alcir Rodrigues Medina, 21 anos – Guarani

Fonte: https://cimi.org.br/2006/04/24790/

https://jovensindigenas.org.br

CARTAS RELACIONADAS