Exposição coletiva com a artista Claudia Campos em Espace Philippe Noiret – Place Charles de Gaulle – 78340 – Les Clayes de Sous Bois – França. Período 19 de abril a 22 de Maio de 2019.
FICHA TÉCNICA: Livro (1) de luxo com 400 páginas sobre a história da arte resignificado e sobreposto com arte indígena contemporânea nas obras de Jaider Esbell. Desenhos e textos produzidos com pincel Posca. Tamanho: 27 x 35 x 4 cm. Peso. 3Kg. Ano: 2018/2019.
O livro passa agora a se chamar Carta ao Velho Mundo. A carta ao velho mundo vem também em forma de arte indígena contemporânea. Para os atentos isso é antropografia pura. A carta é endereçada aos lares europeus e seu conteúdo é uma denúncia farta dos séculos de colonização devastadora nas Américas. Com uma explanação panorâmica da atualidade deixa dizer que neste tempo a pressão global do desenvolvimento sobre a natureza faz o genocídio dos últimos povos nativos na Pan-Amazônia. Exterminando a população autóctone é legitimada a exploração total dos recursos até ao subsolo. Em desenhos e textos na língua portuguesa, a carta ao velho mundo ainda facilita o diálogo com toda a terra. Universal, a carta é levada à Europa em mãos pelo artista que é indígena Makuxi da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima. Toda a performance que envolve a criação e a exposição desta obra na França, no ano de 2019, deve ser acompanhada de um contexto ilustrativo. Primeiro o argumento, a arte. O livro foi adquirido numa loja de livros rejeitados no nordeste brasileiro. Seu conteúdo são 400 páginas com textos e fotos de pinturas europeias iniciando com a arte rupestre. A constante pesquisa do artista em buscar meios de dar vazão e evidenciar os sentidos da arte indígena contemporânea acharam na proposta um veio promissor. Resgatar um livro de arte é mesmo resgatar o sentido da arte e nela injetar uma força de ressignificação, a política global. O encontro da arte indígena contemporânea com a ideia da arte sistemática de matriz europeicêntrica se faz ricamente aqui, na carta ao velho mundo. Sobrepor os textos e as imagens do clássico na arte com mensagens cheias de energia da floresta é uma forma estratégica de fazer chegar no seu destino algo antes nos enviado, o sentido europeu de arte. A aleatoriedade, se é que cabe o termo, em intervir nas páginas do livro, é sim uma forma de mostrar um pouco o sentimento dos nativos quando é violentamente invadido em seu sentido pleno de ser. Alguém pede licença para invadir e destruir? O que dá pra fazer com tudo isso?
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1 – VALSECCHI Marco. (dir.). Galeria Delta da Pintura Universal. Tradução: Elias Davidovich. Rio de Janeiro: Editora Delta S.A. Volume I, 1972. Referência do original: Novara: Instituto Geográfico de Agostini, 1966.