O discurso do Presidente Jair Bolsonaro contra nós, povos indígenas de Roraima, não é novidade. Também não é de hoje que parlamentares de Roraima tentam dividir nosso movimento indígena, através de promessas econômicas. Na quinta, 17, em uma transmissão ao vivo na página do facebook, o presidente incentivou mais uma vez a invasão das terras indígenas, ignorando a diversidade cultural, e alimentando o preconceito aos povos indígenas ao afirmar que o Estado de Roraima não cresce economicamente porque não explora os recursos minerais, apontando que essas riquezas estão nas terras indígenas.
Por isso o Conselho Indígena de Roraima, organização indígena que defende há mais de 48 anos os direitos dos povos indígenas, representante de 241 comunidades, com uma população de 49 mil indígenas, vem manifestar seu REPÚDIO contra mais um ataque aos direitos constitucionais e o modo de vida dos povos indígenas Macuxi, Wapichana, Ingarikó, Taurepang, Patamona, Wai Wai, Yanomami, Sapará.
As 35 terras indígenas, Senhor Presidente Bolsonaro e Senador Chico Rodrigues, não estão à disposição para as empresas mineradoras, setores do agronegócio e nem para construção de hidrelétricas. Não aceitaremos nenhum empreendimento desse porte porque vai matar nossos rios, matas, lavrados e toda biodiversidade. Além de causar danos a toda população indígena e não indígena.
Não negociaremos nenhum centímetro de nossa terra indígena, aliás, nenhum milímetro de nossa terra. Essas ameaças contra os nossos direitos não nos calará e muito menos nos curvaremos diante desses ataques.
É mentira e falsa essa afirmação que os povos indígenas estão saindo das terras indígenas para morar nas periferias da cidade de Boa vista. É mentira também que os povos indígenas estão morrendo de fome. O problema das periferias de Boa vista, senhor Senador Chico Rodrigues, é falta de investimento e politicas públicas do Estado. É a corrupção que destrói o estado de Roraima.
Raposa serra do sol é uma terra livre. Sua riqueza está preservada por causa dos povos indígenas que respeitam a natureza. Porque na época que os invasores – Rizicultores estavam ocupando ilegalmente a terra indígena, os nossos rios Cotingo e Surumu estavam sendo mortos pelo agrotóxico. Depois que os fazendeiros e rizicultores saíram, as comunidades estão trabalhando e livre das perseguições. Os povos indígenas foram libertos quando Raposa serra do sol foi homologada em área contínua.
Respeitamos os indígenas de Roraima que se reuniram com o presidente Bolsonaro no dia 17, mas eles não representam as 241 comunidade indígenas do estado de Roraima. O documento Final da 48ª Assembleia Geral dos povos indígenas, realizado dos dias 11 a 14 de março de 2019 está claro o posicionamento contra a mineração, hidrelétricas, agronegócio e arrendamento das terras indígenas.
Fonte: https://racismoambiental.net.br/2019/04/19/nota-do-cir-conselho-indigena-de-roraima-sobre-o-encontro-de-indigenas-de-roraima-com-o-presidente-bolsonaro/