“Os prefeitos da região Sul do Estado encaminharam documento pedindo ajuda do presidente da Câmara, do Senado e da Presidente da República para resolver a questão da demarcação de terras indígenas. O apelo tem como foco o clima de ‘extrema tensão’ que pode resultar em conflito armado entre brancos e índios”. Conforme midiamaxnews.
Frente à notícia em foco, a principio, nós comissão das lideranças da Aty Guasu vimos reafirmar publicamente que a luta pela terra ancestral é nossa. Os integrantes de comunidades Guarani e Kaiowá não têm as armas de fogo, enquanto os fazendeiros possuem as armas de fogo de grosso calibre. Eles têm os grupos armados contratados para atacar e assassinar os líderes e comunidades indígenas. Essas ações criminosas dos fazendeiros já existem mais de 30 anos no sul de Mato Grosso do Sul. Nesse contexto, hoje, há mais de trinta pequena terras indígenas tradicionais retomadas/reocupadas pelos Guarani e Kaiowá, todas as 30 comunidades indígenas reocupantes já foram atacadas e massacradas de formas violentas pelos pistoleiros dos fazendeiros. Três dezenas de lideranças Guarani e Kaiowá já foram assassinadas pelos grupos armados das fazendas. Importa ressaltar que as maiorias desses fazendeiros foram e ainda são ocupantes de cargos políticos, tais como: o cargo de prefeito, vereador, deputado, etc. Uma parte desses políticos dos 13 municípios citados já estão respondendo os processos criminais por compartilhar e apoiar a prática de violências contra os indígenas, sobretudo o genocídio Guarani e Kaiowá, aguardando o julgamento e punição pela justiça brasileira.
Voltando ao trecho destacada pela mídiamaxnews “pode resultar em conflito armado entre brancos e índios”.
Essa posição ou preocupação citada não tem sentido e sem fundamento, porque os indígenas Guarani e Kaiowá não têm armas de fogo e, sobretudo não têm interessem em assassinar os fazendeiros e seus pistoleiros. Visto que o objetivo da luta Guarani e Kaiowá é somente pelos pedaços de terras antigas, não é fazer violências e nem assassinar os fazendeiros e outros “brancos” cidadãos brasileiros. A luta pela recuperação de uma parte da terra tradicional é para sobreviver como humano de forma digna e justa. Além disso, esse desejo Guarani e Kaiowá de voltar a sobreviver de forma digna e justa é também desejado aos 214 mil não-indígenas ou “brancos” mato-grossense pobres que foram e são também submetidos às misérias, explorações e violências cruéis pelos mesmos fazendeiros-políticos citados. Nesse sentido, a luta pela demarcação da terra antiga dos Guarani e Kaiowá não é com 214 mil habitantes brancos do Cone Sul de MS como cita a notícia.
É importante se compreender em profundidade que os fazendeiros/políticos desses 13 municípios que invadiram, expulsaram os Guarani e Kaiowá e se expropriaram de terras indígenas não passam de 300 fazendeiros, ou seja, não há 200 mil fazendeiros ocupando as terras indígenas no sul de MS. Uma parte dos fazendeiros não mora nesses municípios do sul de MS.
Importa destacar que a maioria dos municípios citados foi criado em meado de 1980, por conta dos números das populações Guarani e Kaiowá, facilitando a emancipação de um município, por exemplo: o município de Japorã e Paranhos, mais de 50% da população são Guarani e Kaiowá. Hoje, é fundamental se observar também que esses municípios mensalmente recebem e movimentam milhões de R$ reais por conta das presenças Guarani e Kaiowá nos municípios. Assim, de fato não são somente as presenças dos fazendeiros que movimentam dinheiros nos comércios dos municípios.
Por fim, queremos evidenciar que as demarcações e devoluções definitivas das terras Guarani e Kaiowá só trarão mais a segurança e tranquilidade para todas as populações não-indígenas brancos dos municípios. A demarcação de terras indígenas não vai atrapalhar as atividades de agronegócio e nem irá impedir as instalações de novas empresas tanto no Estado de MS quanto nos municípios. Por exemplo: No Estado de Mato Grosso-MT, a Terra Indígena do XINGU tem mais de 2.000.000, (dois milhões de hectares) e não está trazendo insegurança para as populações brancas daqueles municípios e nem está atrapalhando as atividades do agronegócio, etc.
Pretendemos evidenciar que nós todos Guarani e Kaiowá sabemos muito bem que as extensões dos territórios antigos Guarani e Kaiowá em atual município de Iguatemi- MS foram mais de duzentos mil de hectares (200.000,000 ha), porém, em janeiro de 2013, o Governo Federal reconheceu a terra indígena Pyelito kue/Mbarakay com extensão de 41.000,00 hectares. Hoje, os 200 indígenas Guarani e Kaiowá estão ocupando um (01) hectare de brejo localizada na margem do rio Hovy, passando miséria e fome. Enquanto 46 fazendeiros estão utilizando 41.000,00 hectares por mais de 40 anos, explorando e tirando os lucros das terras indígenas e se enriquecendo em cima das terras indígenas além praticarem as violências contra as vidas indígenas. Mesmo assim, os fazendeiros querem e exigem mais os dinheiros e mais dinheiros para devolver as terras indígenas. É injusta esse pedido dos fazendeiros/políticos.
Assim, queremos deixar bem claro para todas as autoridades federais e populações do Brasil e do Mundo que para nós indígenas Guarani e Kaiowá, esses fazendeiros não deveriam pensar em vender as terras indígenas, a princípio, não são deles as terras e nem mereceriam mais receber os dinheiros pelas terras. Esses fazendeiros são invasores legítimos e criminosos. Nós Guarani e Kaiowá não invadimos ninguém, reocupamos um pedacinho das nossas terras antigas sim. Não é invasão. Nós Guarani e Kaiowá já fomos invadido, nós já fomos violentados há décadas pelos fazendeiros/políticos.
Frente à notícia da midiamaxnews aqui em foco a nossa carta/nota tem a intenção central de explicitar que nós Guarani e Kaiowá não temos armas de fogo; não temos nenhum interesse em assassinar a vida humana e nem fazer violências contra as vidas dos fazendeiros. A nossa luta é exclusivamente pelo pedaço de nossas terras ancestrais tekoha guasu. Por essa razão, estamos e estaremos sempre lutando e reivindicando a demarcação e devolução das partes de nossas terras tradicionais Guarani e Kaiowá (conforme o TAC/FUNAI e MPF/2007).
Atenciosamente,
Lideranças da Aty Guasu Guarani e Kaiowá contra genocídio
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