23 de novembro de 2015
Nós, povo indíegana Tuxá Setsor Bragagá, com o apoio da Articulação Rosalino de Povos e Comunidades Tradicionais do Norte de Minas, Povo Indígena Xakriabá, Tuxá Kiniopará de Ibotirama/BA, Pataxó, Pankararu, Movimento Geraizeiro, NASCER (Núcleo de Agricultura Sustentável do Cerrado), e outros povos, vimos através deste, informar que estamos ocupando desde as 10:00 horas do dia 20 de novembro de 2015 a fazenda Santo Antônio, localizada próximo ao distrito de Cachoeira da Manteiga, município de Buritizeiro/MG. O clima atual é de tensão. Ontem, escutamos tiros e, em vários momentos, veículos rondando a fazenda próximo ao local onde estamos.
É relevante ressaltar que a Fazenda Santo Antônio, com área aproximada de 6.000 ha, é de propriedade do Estado de Minas Gerais, tendo sido adjudicada em Ação de Execução Fiscal, em setembro de 2007. Apesar de pertencer ao Estado de Minas Gerais, estava sendo explorada por particulares, através de criação de gado. Além da exploração ilegal, no interior da fazenda, nos deparamos com gravíssimos danos e crimes ambientais: coro de animais silvestres abatidos por caçadores; grandes áreas de desmatamento sem o devido licenciamento ambiental, elevada compactação e uso indevido do solo, vestígios de atividade madeireira e de carvoaria, dentre outras degradações ambientais.
A mãe terra aqui encontra-se castigada e nós Povo Tuxá Setsor Bragagá repudiamos qualquer ação contra a natureza e entendemos que as intervenções anteriores são criminosas e devem ser apuradas. Por isso, solicitamos ao Ministério Público e órgãos competentes que investiguem a situação. Queremos nessa terra semear a cultura e a resistência do Povo Tuxá que encontra há mais de 65 anos no estado de Minas Gerais sem território e assistência.
A terra é essencial para nós povos indígenas, e nessa terra, onde hoje ocupamos e reivindicamos, vamos construir uma aldeia sólida com base em nossa cultura, tradição e costumes nos pilares do Bem Viver dos Povos Indígenas. Exigimos a presença da FUNAI, SESAI e demais órgãos indigenistas para que prestem a devida assistência, e o apoio dos demais órgãos governamentais e não governamentais.