Nós lideranças indígenas do povo Xerente e do povo Krahô, reunidos entre 24 a 27 de janeiro, na aldeia Traíra, para debater e criar estratégias na defesa e garantia de nossos direitos na Constituição Federal, reafirmamos que de forma alguma, vamos aceitar nenhum retrocesso em nossos direitos.
Não permitiremos que este governo coloque a FUNAI nas mãos dos produtores rurais, sendo estes os maiores inimigos dos povos indígenas já declarados neste país.
Pedimos que o Ministério Público Federal – MPF entre com uma ação contra a MP 870/2019 que retira a FUNAI do Ministério da Justiça e a coloca no Ministério da Agricultura e no Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, e exigimos que a FUNAI retorne imediatamente para o Ministério da Justiça de forma integral.
Nós lideranças, não concordamos com o presidente Jair Bolsonaro em promover o preconceito e a violência contra os povos indígenas. Nós lideranças indígenas também pedimos ao Ministério Público Federal – MPF que entre com uma ação para revogar o decreto sobre a posse de arma de fogo, que modifica o Decreto 5.123/2004, que permite a posse de armas. Nós povos indígenas não somos a favor da violência e o povo brasileiro não está preparado para lidar com tantas armas. A função do presidente da república é promover a paz e oferecer a qualidade de vida para seu povo, e não incentivar ainda mais a violência.
Nós povos indígenas sempre cuidamos da Mãe Terra, cuidamos da natureza, cuidamos das águas, e a terra sempre foi e será o mais sagrado para os povos indígenas, por isso, não vamos aceitar nenhuma redução dos territórios indígenas e o que vamos exigir deste governo, é que ele cumpra o que está estabelecido na Constituição Federal de 1988 no art. 231 e no artigo 67 dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias, que a União deve demarcar as terras indígenas em um prazo de cinco anos. Esta é uma das principais funções deste governo, demarcar e regularizar todas as terras indígenas que estão com os processos administrativos paralisados.
Nós lideranças indígenas reunidos neste encontro, manifestamos que não somos a favor da violência e não aceitamos os pronunciamentos do presidente da república, que são preconceituosos, são um insulto, promovem a violência, ameaçam os territórios e retiram os direitos dos povos indígenas. Vamos continuar respeitando as terras indígenas, a natureza, a água e vamos manter nossa firmeza, exigindo a continuidade da demarcação das terras indígenas no Brasil.
Vamos garantir todos os nossos direitos, que as lideranças indígenas que morreram garantiram para nossos filhos, vamos continuar as lutas deles e não vamos recuar aos pronunciamentos e ações contra nós povos indígenas do presidente Jair Bolsonaro.
Chega de violência contra os povos indígenas do Brasil!
Demarcação Já!
Fonte: https://racismoambiental.net.br/2019/01/30/de-forma-alguma-vamos-aceitar-retrocessos-em-nossos-direitos-afirmam-os-xerente-e-kraho/