Amigos e Amigas,

O Conselho Indígena de Roraima – CIR, primeiramente vem desejar que ano que inicia seja repleto de realizações, conquistas, onde os desafios possam ser superados. Que 2006 possamos viver mais dignamente e exercer de fato nossos direitos.

A luta pelo direito é contínua e de todos. Em 2005 conquistamos a homologação da TI Raposa Serra do Sol, mas permanecem os desafios de vencer as barreiras. Na última reunião ampliada de 2005, 13-15/12/2005, lideranças indígenas da Comunidade São Miguel da Cachoeira, região Surumu, denunciaram a destruição de duas casas na nova Comunidade Nova Vitória e o constante furto de gado bovino, como forma de impedir o exercício do usufruto da terra e dos bens naturais. As lideranças indígenas consideram aos esses fatos a decisão liminar em favor da Fazenda Empresa, que vem durante estes anos disputando a terra com as comunidades indígenas. A decisão judicial é atenta aos direitos constitucionais indígenas, pois determina a retirada de indígenas daquela mediação. A situação se agrava pois até mesmo os recursos judiciais interpostos foram negados nos TRF 1ª região, mesmo com a homologação presidencial da terra indígena. 

Tais crimes contra o patrimônio indígena vem causando prejuízos consideráveis a comunidade São Miguel, pois já soma em torno de 68 reses bovinos, e até no momento sem qualquer apuração ou punição. Estes fatos o CIR representou junto a Funai, MPF e Policia Federal para as providencias cabíveis. Por outro lado as lideranças indígenas vem exigindo que as autoridades possam resolver tais conflitos, e se encontram na sede da Fazenda Empresa, porém como é de conhecimentos de todos, os ocupantes não índios ainda permanecem na Raposa Serra do Sol, e se já se organizam e ameaçam as lideranças indígenas que estão naquele local. Vale lembrar que em junho/2005, a comunidade indígena foi invadida, o tuxaua e seu filho foram arrastados e levados pelos invasores, como represália da denuncia e por presenciar os autores da destruição de uma das roças.

Queremos que sejam informados destes fatos, pois o CIR como entidade de apoio às comunidades indígenas em Roraima, passa por uma situação financeira complicada e está difícil até mesmo chegar até o local e atender as solicitações de apoio daquela região, seja por falta de veículos ou combustível. Os telefones do escritório em Boa Vista estão bloqueados e estamos realmente sem condições de trabalho e receamos que a qualquer momento o clima se agrave. Diante disso, como emergência gostaríamos de solicitar apoio financeiro para re-estabelecer nossas atividades no escritório em Boa Vista e de apoio às comunidades indígenas, especialmente às lideranças da região do Surumu.

Atenciosamente,

Marinaldo Justino Trajano

Coordenador Geral do CIR

Fonte: https://cir.org.br/site/