Carta Aberta aos Irmãos do Mundo,
Conclamamos todos os Irmãos do Mundo, guerreiros e guerreiras, independentemente de qual etnia, grupo social, religião, condição econômica, etc. Mas, sim, todo aquele, que se sente excluído ou injustiçado, mas, que ainda continuam acreditando em um mundo mais humano, para uma marcha em favor da Cidadania (Soberania Popular).
Irmãos, a humanidade está sendo levada ao manicômio, e não está percebendo, não temos mais segurança, nem boa qualidade de vida. Não existe mais respeito pelo próximo.
A violência, a demagogia, a hipocrisia tomou conta das nossas vidas, não conseguimos respirar um ar saudável. Tudo inspira medo, e soa falso, estamos desconhecendo a própria razão de ser. Fomos levados a um estado de letargia, que acabamos deixando nas mãos de poucos o destino de nossas vidas. Estamos apáticos diante dos nossos destinos, não temos mais, o direito de dirigir nossa própria vida, esperam que alguém faça por nós, e nem sempre, esse alguém, está interessado em resolver nossos problemas.
E, tenho certeza, que não foi para isso, que nós fomos criados, para nos tornar marionetes nas mãos de 1% de poderosos, que ao longo da história só têm usado e manipulado às massas. São tantas ás estratégias (armadilhas) utilizadas por eles, que deixamos passar despercebido, usam nossa fé como manobra de domínio. Espalham discórdias, fomentam a dor e a miséria, e assistimos tudo isso calado? Como se fosse desígnios do Criador, e acabamos por aceitar. Às vezes chegamos a pensar que isso faz parte de um castigo, por termos cometido alguma desobediência, ou como muitos dizem, ou, porque alguém o faz pensar assim que é um desejo de “Deus” viver no sofrimento, como se isso fosse capaz de purificar alguma coisa. Outros, já não acreditam mais em nada, estão indiferentes, a mercê da sorte, esses acabam sempre nas mãos de pessoas erradas, que os conduzem à prática da ilegalidade.
Nós indígenas, convidamos a todos para juntos tentarmos melhorar o ambiente em que vivemos, e prepará-lo para nossas futuras gerações. Não possuímos o direito de destruir o que não é nosso eternamente, e sim possuímos uma permissão temporária para ficarmos aqui, precisamos nos unir, e levar nossa vontade de continuar vivendo, nossa força e nossa coragem. Mostraremos que juntos somos capazes sim, de transformar, sem ideologia, e sim porque precisamos continuar aprendendo uns com os outros.
Será uma tarefa árdua, mas, não impossível, formaremos um exército da paz, em busca da verdadeira justiça, iremos reivindicar nosso direito à vida, juntaremos nossas energias para dizermos aqueles que foram escolhidos para nos representar, que é preciso mudar o que está posto, dar um basta naqueles que acreditam ter todo o direito de determinar como devemos ser, ou viver. É preciso acompanhar, e satisfazer às necessidades, chamadas de direitos humanos fundamentais, inerentes à natureza humana!
Mostraremos ao mundo, que às diversidades não fazem a diferença, que à luta é pela dignidade.
Impossível, não é lutar pelos nossos direitos, e sim, assistirmos diante às perplexidades sem fazermos absolutamente nada.
O Povo, não têm direito a uma Educação de qualidade; à Saúde, Alimentação; Segurança; Trabalho digno; Distribuição de Renda; etc. Enfim, para os abastados tudo, para o Povo nada.
Eles manipulam as pessoas, distorcem e desqualificam o sentido da Vida, que fazem alguns pensar, que fazem parte desse grupo seleto, ou que podem se aproximar deles. São tão astuciosos, que conseguem enganar com facilidade, oferecendo vantagens, que aos olhos de muitos é o suficiente para se sentirem importantes, e acreditarem satisfeitos, é a política do salve-se quem puder. Enquanto isso, vão alimentando o “EGO”.
Nós Povos Indígenas, completamos cinco séculos de resistência para garantir o direito de vivermos nossa cultura e tradição, de poder permanecer vivendo em harmonia com a Mãe Natureza. Cuidar do ambiente para nossas futuras gerações. Foi o maior holocausto da face da Terra, mais de 80 milhões de pessoas mortas para que se pudessem usurpar todas às riquezas aqui existentes, e ainda hoje, não se fala nisso, Têm-se como holocausto, tudo que aconteceu depois da Segunda Guerra Mundial. Ainda hoje somos perseguidos, pela mentalidade colonialista. Pior ainda, é saber que os irmãos nascido nesse mesmo território esbulhado continuam com as mesmas práticas dos seus antepassados, tomando o pouco que ainda nos resta, promovendo massacres, mentindo para sociedade, através de seus veículos de comunicação, a fim de promover o extermínio de todo nosso Povo, quando dizem que nós indígenas precisamos ser integrados à sociedade, com a mesma visão medieval do século XVI. Ou, quando questionam para que precisamos da Terra, ou porque não obedecemos suas leis, ou mesmo quando dizem, que os indígenas atrapalham o “homem”.
Enquanto isso nossa luta é pela Vida, viver para nós, significa interagir com o todo, amar tudo que existe na Mãe Natureza, pois sabemos da importância de cada elemento existente, da cadeia universal a fim de manter o equilíbrio.
Portanto clamamos pela união dos Povos em busca de uma luta justa, é hora de nos juntarmos. Todos os movimentos sociais, todas as lutas de classes existentes, que ainda possuem a essência, e respeita o outro, sabe da importância de possuirmos a Soberania Popular. Não façam como eles, que nos enganam a todo tempo, com sua retórica maléfica, falsa, com o fim de atingir um único meio, se manter no Poder, e massacrar as minorias, pois precisam se sentir importantes, como se fossem os verdadeiros donos do mundo. Tudo que eles produzem é excludente, pois está no âmago escravizar o seu irmão. Oferece-nos Pão e Circo, para que possam agir livremente, nos atinge através das nossas fraquezas, por isso nos tornam apáticos.
Cada “americano” deveria consultar pesquisar, ouvir mais sobre nossa verdadeira história, não usar a desculpa de que não há tempo. Alguém disse: “O passado é a profecia do futuro” se não conhecemos nossa verdadeira história, jamais conseguiremos valorizar nossas raízes, e nunca conseguiremos fincar os pés no chão.
Por último podemos pensar se estamos sendo justos com nós mesmos, em assistir, ou nos entregarmos tão facilmente a todas essas práticas insolentes. Onde foram parar o amor, e o respeito, subsídios importantes para compreensão da humanidade?
Não podemos mais deixar a ganância exterminar nossas vidas, chegou a hora do basta, ou ao menos tentar freá-la. A “Ordem e o Progresso” é o veículo usado para sustentá-la. Não poderá haver Soberania Nacional, se o poder que emana do Povo não for respeitado, e às regras estabelecidas não forem cumpridas. É preciso trazer de volta à Ética e a Moral na sua essência verdadeira!
Deixo aqui meu pensamento no sentido de poder ajudar a compreender o que nos cercam: Às dimensões possuem o tamanho do nosso olhar.
Yakuy Tupinambá – Tupinambá de Olivença – BA
Militante Movimento Indígena, Rede Índios Online e Estudante de Direito UFBA
Anápuáka Muniz Pataxó Hã hã hãe – BA
Militante Movimento Indígena, Rede Índios Online e Coordenador Web Radio Brasil Indígena.
Fonte:
http://www.indiosonline.net/carta_aberta/