Rio Tinto - Paraíba, 4 de maio de 1987

Do Povo Potiguara para a FUNAI

           Senhor Superintendente da FUNAI:

           Queremos que o senhor arretire essas máquinas da Usina Miriri e esses pistoleiros que tão invadindo nossas terras, impatando de nós arrancar nossa roça e colher nossa lavoura, junto com a polícia que o governo bota eles para guarnecer a cidade e eles vem guarnecer a terra do Índio mandado pelo usineiro, atacando o Índio para que ele não vá no roçado dele, para que o índio não possa tirar água do riacho e todo dia a polícia está em nossa área.

           Queremos que o senhor tire a demarcação de nossa terra. Já 3 anos que ninguém pode trabalhar, vendo a hora se acabar tudo de fome. E nós precisamos de trabalhar e eles proibindo e invadindo nossa terra e nós sem trabalhar. Não podemos viver porque se for roubar, a polícia prende, se pede, o povo diz: vai trabalhar preguiçoso. Como pode se viver dentro desse Brasil?!

           No dia 4 eles disseram que vão botar as máquinas no resto de nossa lavoura. E eles virando e a polícia vigiando.

           Responde pela Usina Miriri o senhor Gilvan Celso Cavalcanti de Morais Sobrinho – Av. 17 de agosto 892 – Bairro da Casa Forte – Recife.

Assinam, pela aldeia Jacaré de São Domingos:

Domingos Barbosa dos Santos.
Pedro Barbosa de Araújo.
Luzinete Pereira da Luz.

Fonte: https://acervo.socioambiental.org/acervo/documentos/carta-ao-superintendente-da-funai-referente-influencia-da-usina-miririem-area-dos

Original: 1987.05.04 Do Povo Potiguara para a FUNAI

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