Senhor Delegado Regional da FUNAI.
Um bom dia. Meu nome é Henrique dos Santos e sou o líder dos índios Caripunas da aldeia de Manga, do Posto Indígena Uaçá. Agora eu fico maior parte do tempo no Km-70 da BR-156, onde tem fundado uma pequena aldeia e tomo conta do Posto de Vigilancia. O lugar é bom e pretendo mais tarde criar gado ali prá meu pessoal. Acontece seu Delegado que é muito longe do Oiapoque e da Aldeia do Manga e a gente não tem carr, por isso fica muito isolado e fica ruim quando […] tem gente doente, prá deslocar prá cidade. A gente depende dos carros que passa pra Oiapoque ou da Ajudancia quando a gente se comunica pela Fonia e ela toma providencia. Agora a Fonia está em pane. precisa de concert. Sem Fonia fica muito ruim prá nós. A gente não pode sair do Posto de Vigilancia porque vem gente e entra na área prá caçar, pescar, tirar madeira. O posto de Vigilancia tem que ter gente e ter apoio. O Frederico tem ajudado mas a gente precisa de mais coisas ainda. Ele já pediu em documento de [ilegível] mento da Ajudancia mas eu resolvi também escrever ao Senhor pedindo que arranje uma verba pro Posto de Vigilancia. [ilegível] não só prá ele mas também pros outros dois Encruzo e Uaçá, assim como arranja prá Postos Indígenas prá compras de material e combustivel. Aqui a gente precisa de um poço artesiano pois tem poço de 13m que não tem água e da Fonia e combustivel que a gente precisa mais. O poço o Frederico falou que vai no Projeto de 84 mas eu lembro o Senhor prá dar uma força. Esas coisas que mostrei é apenas pro Senhor se lembrar da gente e dar uma força pra Ajudancia da FUNAI. Nós com isso tambem vamos ter mais ajuda. Nós esperamo que 1984 seja melhor pois os planos da Ajudancia são bom e meu povo está pronto prá colaborar. Agradeço o que a FUNAI vem fazendo pela gente e convido o Senhor, quando vier no OIapoque, a visitar nosso posto de Vigilancia.
Saudações capirunas,
do líder do Manga, seu amigo.
Oiapoque, dia 07 de outubro de 1983
Henrique dos Santos