Oiapoque - Amapá, 29 de março de 1984

De Dário Figueiredo Galibi para o Delegado da FUNAI

Senhô Delegado da Funai. Mando escreve estas linha prá Senho saber que tá acontecendo em Juminã. No mes de fevereiro deste ano, tres civilizado chegou no Juminã e disse que eram de INCRA. Eles ia verificá terras. Foram com D. Maria do Carmo que informou prá eles limite de suas terra. botando as nossas no meio, falou prá eles que nós somos invasor de terras. Um desses civilizado foi na minha casa e perguntou prá mim se eu tava aqui muito tempo. Falei que sim. Perguntou se nós ia cadastrar os terrenos da gente agora. Disse que tava esperando a palavra da Funai prá isso pois ela tava agindo por nós. Ele falou que nós tinha direito terra mas se Funai demorar muito prá resolver a gente pode perder tudo. Nós pensou que pessoal do INCRA tá querendo sair do lado de D. Maria do Carmo. Por isso pedimo ao Senhor Delegado prá mandá ver nossa situação logo. Nosso povo está com medo que venham botá a gente prá fora de nossa terra. Também um dono de garimpo esteve aqui e pediu prá gente deixá ele trabalhá no local que ele ajudava a gente. Não aceitamo, e falamo que prá trabalhar aqui ele tinha que ter autorização da FUNAI. Ele disse prá nós esquecer isso pois é muito complicado ter autorizações. Por isso pedi prá bater essas linha e entreguei pro Chefe da Ajudancia de Opoiapoque mandá pró Senhor Delegagado. Também peço que bote nossa aldeia prá receber ajuda da Funai. O Ajudancia dá alguma coisa mas é pouco, a gente precisa mais.

DÁRIO FIGUEIREDO GALIBI
TUXAUA DOS GALIBI DO JUMINÃ

Fonte: https://acervo.socioambiental.org/acervo/documentos/carta-ao-delegado-da-funai2a-dr

Original: 1984.03.29 De Dário Figueiredo Galibi para o Delegado da FUNAI

 

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